Os relacionamentos nos dias atuais enfrentam dificuldades, principalmente na construção de vínculos sólidos e saudáveis. A partir dessa nova dinâmica, onde os casais tendem a preferir soluções rápidas e se deixam levar pela imaturidade, surge a Síndrome do Tarzan, fenômeno que afeta e prejudica os relacionamentos.
A síndrome normalmente acontece após o fim do relacionamento, sendo causada em momentos quando, para curar a dor de uma separação, a pessoa acaba se jogando no mundo, preferindo sair para festas, conhecer pessoas e viajar para evitar processar o término e o medo da solidão, como explica a psicanalista Andréa Ladislau.
"Esse tipo de comportamento faz uma alusão ao famoso personagem Tarzan, que se locomove pelos ares, pendurado por cipós. Ou seja, ele nunca solta um cipó sem segurar outro. A prática de iniciar um relacionamento assim que termina outro, pode ser refletida por essa síndrome que atinge, normalmente, pessoas inseguras e dependentes", aponta.
Para a especialista, as pessoas que sofrem com a síndrome apresentam dificuldade em lidar com suas fragilidades e o vazio emocional deixado por seus relacionamentos, optando assim por estar sempre em um "efeito anestésico" que a impede de refletir sobre as causas para o término e qual a sua responsabilidade na separação.
"A pessoa não se permite buscar a cura emocional e não consegue contribuir para seu autoconhecimento, evitando fortalecer suas emoções para receber uma nova pessoa em sua vida", comenta.
A partir dessa atitude de evitar os sentimentos, Andréa Ladislau diz que as consequências podem envolver uma fragilidade no processamento dos términos, já que a pessoa prefere "pular de relação para relação repetindo um padrão disfuncional".
Ainda, a síndrome pode ter um impacto negativo na saúde mental, associando ansiedade, depressão e baixa autoestima. "Tudo isso ocorre porque os sentimentos de angústia e medo contribuem para o sofrimento emocional e a busca por relacionamentos superficiais. Além disso, a necessidade de validação é o que fala mais alto e provoca o ciclo vicioso que alimenta a síndrome e o vazio emocional deixado pela ruptura."
A psicanalista reflete que, seguindo esse modelo, a tendência é que a pessoa continue repetindo os mesmos erros da relação anterior, faça comparações entre os parceiros e se deixe manipular, já que não se deu o tempo necessário para se curar e pensar sobre seus limites e erros dentro do relacionamento.
Para evitar a síndrome, Andréa analisa que é importante compreender a importância da independência emocional, que pode ajudar na reflexão dos erros e no enfrentamento do luto pelo rompimento. "Desta forma, será possível evitar ciclos de relações tóxicas e destrutivas. Para viver relacionamentos saudáveis é preciso se permitir, relacionar-se consigo, compreender suas dores, suas falhas e seus medos e do autoconhecimento antes de mergulhar em um novo encontro."
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