Moda

Vestir-se bem não tem preço para quem busca boas marcas

02 ago 2010 às 10:21

O que faz alguém desembolsar R$ 600, R$ 800 por uma calça jeans? Ou mesmo R$ 1 mil, R$ 2 mil em um vestido ou R$ 3 mil em uma bolsa? A resposta está nas etiquetas que esses produtos carregam e que são capazes de encher os olhos de uma infinidade de consumidores.

Quem compra não está necessariamente buscando uma blusa, um sapato, uma bolsa, mas, sim, um estilo de vida, um símbolo de sucesso, de comportamento e de poder. Engana-se quem pensa que pessoas que optam por adquirir produtos de marcas são consumidores compulsivos, que sacam o cartão sem ao menos saber o quanto estão pagando por aquilo que escolhem. Seletar um produto de luxo está também diretamente ligado à qualidade e exclusividade que ele oferece aos seus clientes.


Pregam os experts no assunto, que as melhores marcas são aquelas que compreendem as motivações humanas. Cabe uma frase dos ingleses Des Dearlove e Stuart Crainer, autores de ‘O Livro Definitivo das Marcas’: ‘Marcas fazem o consumidor sentir-se melhor, diferente, maior, mais contente, mais confortável, mais confiante’. Para tanto, empresas investem milhões para que o consumidor final compre sem nenhum drama de consciência um tênis de R$ 500, um terno de R$ 5 mil.


Gerente em Londrina de uma franquia famosa nos quatro cantos do País, Ana Paula Marin sabe como poucos o que uma pessoa busca quando adentra a loja. Segundo ela, qualidade, exclusividade e status fazem a somatória de um grupo que está sempre preocupado em estar bem vestido e, consequentemente, de olho no que acontece no mercado da moda. Indagada sobre o perfil do público que não mede esforços - ou melhor - cifras, para compor o guarda-roupa, Ana Paula explica que idade é um dos fatores que não se põe à mesa e que a classe B está consumindo como nunca.


‘Atendemos desde a menina moderna que quer uma roupa para festa até as mães que acompanham as filhas. Todas acabam saindo vestidas daqui. Dentro desse perfil a classe A integra uma fatia grande, mas notamos que a classe B cresce a cada coleção. Isso faz toda a diferença, pois fortalece todas as linhas de comunicação’, explica ela, que enfatiza que hoje a tendência são as marcas terem como identidade atingir públicos com preços de mercadorias que variam, no caso de sua franquia, de R$ 69 a R$ 1 mil, dependendo da ocasião e do que o cliente procura.


Uma escolha e um estilo de vida


Com o poder de consumo crescente, ávidos por novidades, as classes A e B tornam-se cada vez mais atrativas para variados segmentos. Para conquistar esse público, é preciso conhecer suas particularidades. Pessoas de poder aquisitivo mais alto ou aqueles que prezam por produtos diferenciados são exigentes, estão atentos e muito bem informados. Não hesitam em gastar quando bem tratados. Mas isso, é importante frisar, nada tem a ver com a necessidade compulsiva pelo comprar. É uma preferência, uma escolha.


Especialistas garantem que empresas que sairão ganhando serão aquelas que conservarem a fidelidade dos ricos ao mesmo tempo em que se conectam com os consumidores menos endinheirados, mas atraídos pelas marcas de luxo. Josiane Kotovicz representa há quatro anos uma grife de renome internacional. Com tamanho peso de conhecimento no assunto, ela explica que hoje mais do que produtos concretos, as pessoas buscam experiências. ''Acredito que a escolha por marcas de luxo está muito relacionada com os valores subjetivos e simbólicos no momento da compra, como autoconfiança, status, beleza e prazer. É o sentimento de autoindulgência, o 'eu mereço!''', explica.


É fato que através de nossas escolhas acabamos estabelecendo padrões e atitudes, gostos e interesses. Uma roupa, um acessório, um objeto transmite algo sobre nós. No caso da moda, Josiane evidência: ''Quando o consumidor compra uma roupa ou acessório de determinada marca, ele compra na verdade muito mais do que só o produto. Ele busca também o 'lifestyle' da marca, que são os valores agregados ao produto. Por exemplo, os valores de determinada marca são tradição, luxo artesanal e exclusividade. Quando o consumidor usa uma peça desta marca ele está querendo comunicar estes valores através da roupa''.


Ela termina com outra dica: ''Temos que tomar cuidado com o termo 'de marca', pois todas as roupas têm uma marca, que pode ser boa ou ruim. Mas acredito que uma boa peça de roupa é um ótimo investimento, pois estamos valorizando nossa imagem pessoal''.


Primazia versus gastança


Denise Tinoco: ‘Valoriza-se muito o ter hoje em dia’


Comprar desenfreadamente nada tem a ver com escolhas mais aguçadas. O consumista mostra-se com uma personalidade compulsiva, que anseia por preencher um vazio interno, que na real não será preenchido com nada, muito menos com suas compras. ''A neurociência hoje em suas pesquisas mostra que o compulsivo por compras tem um cérebro semelhante ao compulsivo por drogas. É um adicto'', explica a psicóloga Denise Tinoco. Portanto, nada de comparações.

Não há nada de errado se você é, conhece ou convive com uma pessoa que gasta mais de um salário mínimo em um sapato, por exemplo. Segundo Denise, ''desde que ninguém esteja se privando em suas necessidades básicas, não existe problema algum''. O interessante é saber que esse tipo de comportamento integra-se ao mundo atual. ''Valoriza-se muito o ter hoje em dia. Os valores estão se invertendo'', conclui a psicóloga.


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