Depois de virar moda, a palavra ''tendência'' está sendo descartada do guarda-roupa dos fashionistas. O que vale é interpretar os clássicos e dar uma roupagem contemporânea a velhos conhecidos, sejam eles tecidos, cortes ou cores. Não chega a ser uma reforma, mas o que se viu na 26ª edição da São Paulo Fashion Week, que aconteceu entre os dias 18 e 24 de janeiro, é que a tão falada crise econômica influenciou nas apostas do que estará nas ruas no Inverno 2009. Tanto que o preto reinou absoluto nas coleções das 39 grifes que participaram do evento.
Alguns estilistas, como o paranaense Jeferson Kulig, atribuíram a escolha da cor (ou a ausência dela) ao período de recessão que já está no imaginário das pessoas. O preto não marca tanto. É um curinga e, portanto, pode ser adquirido sem medo. Algumas marcas reinventaram o pretinho básico (sim, isso é possível), misturando cores, estampas e brilho às peças. Um passeio aos anos 80 também ficou claro. Cada marca que desfilou no evento, considerado a semana de moda mais importante da América Latina, tem sua peculiaridade, claro. Mas em um balanço rápido do que foi apresentado, é possível ver unanimidade. Além do preto, cinza e branco, o tricô com aspecto rústico, de tramas largas, apareceu em várias grifes. Já a Animale ganhou destaque com tecidos de tingimento termocrômico, que mudam de cor conforme a temperatura do corpo.
A alfaiataria também surge como aposta, seja nos blazers e calças de proporções alteradas da Maria Bonita, ou nas pregas e amarrações da Huis Clos, só para citar alguns exemplos. Mas o que fica da SPFW, mais do que modelagens engessadas, é a certeza de que a moda está constantemente em movimento e é um reflexo da história de uma sociedade. E é possível ver mudanças nela, mesmo em período de cautela econômica.