A indústria da moda é um dos setores que mais consume recursos naturais. Segundo pesquisas do ano passado, o setor petroleiro é o que mais polui, mas a moda está em segundo lugar.
Com o aumento do consumo, cresce a preocupação de como repor tudo o que é extraído da natureza. Surge então um novo conceito: a moda sustentável. Mesmo fibras naturais, como o algodão, geram grande impacto no meio-ambiente: uma camiseta básica precisa de mais de 2.700 litros de água para sua confecção.
De acordo com Eduarda Veiga, professora de design de moda da UEL, a moda sustentável acontece quando se considera a otimização de recursos e processos necessários para a realização de um projeto de vestuário de moda, minimizando o impacto ambiental ao longo de toda a cadeia produtiva, seja na utilização de fibras orgânicas, redução da geração de retraços têxteis ou fazendo uso de corantes naturais – que, segundo a professora, é uma conduta muito interessante. "Essa [etapa de corantes] é uma das etapas mais impactantes de todo o processo produtivo, consumindo bastante água e gerando grande residual químico", diz.
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Sustentabilidade na sua cidade
A professora conta que ser sustentável é apoiar a moda local: "É uma moda sustentável aquela que tem sua produção local, na medida do possível matéria-prima também local, praticando um preço justo na mão de obra empregada e também na venda. Essa conduta gera riqueza e valoração local".
O descarte
Um dos maiores problemas na moda é que as tendências são efêmeras. Compra-se, usa-se e descarta-se a peça rapidamente. Esse consumo desenfreado é responsável por problemas ambientais. Segundo dados da HBS, uma peça de roupa que foi usada menos de cinco vezes, e é jogada fora após um mês, produz mais de 400% de emissões de carbono do que uma utilizada cinquenta vezes e mantida por um ano. Eduarda argumenta que, ao se falar da otimização de recursos, contempla-se todas as etapas do ciclo de vida, desde sua concepção, retirada de recursos da natureza para a matéria-prima, pela manufatura, comercialização, fase de uso e o descarte.
Segundo Eduarda, "toda ação no sentido de ampliar o ciclo de vida do produto deve ser considerada, pois dilui o impacto ambiental gerado pelo consumo de energia, matéria-prima e transporte na fase de produção e ainda é uma nova fonte de geração de renda".
Ser sustentável é o novo ‘pretinho básico’
Comprar em brechós e o uso do design retrô está na moda. Eduarda diz que o grande lance dos brechós está no fato de que lá encontra-se peças com tecidos de alta qualidade e acabamentos mais bem feitos, o que não se encontra no fast fashion. "Sem falar sobre o design retrô legítimo, de diversas épocas que a gente tem a oportunidade de encontrar, numa época em que cosemos a valorizar o passado. Isso tudo com um preço bastante acessível, evitando a retirada de novos recursos da natureza, industrialização, transporte e, tudo de novo", conta.
A professora disse que o foco é gerar o menor impacto possível, adotando práticas menos poluentes, e isso não só na moda, mas também em casa, na escola, no trabalho e na rua. "Reduzir o consumo, procurar reutilizar e, separar para reciclar. Toda ação humana gera um impacto".