Quando se fala em padrão ideal de beleza a primeira imagem é a de uma pessoa alta e magra, tipo Gisele Bundchen. Um estereótipo comum no casting das badaladas agências de modelos nacionais e internacionais. Manequim tamanho 36 ou 38, altura acima do 1,70, peso em torno dos 50 Kg, medidas que fazem a cabeça (mas nem sempre o corpo) das jovens que acalentam o sonho de ser uma top reconhecida mundialmente.
A busca pelo corpo ''escultural'' disseminou um tipo de mulher que não condiz com a realidade da população brasileira, americana e européia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existe no mundo mais de 1 bilhão de pessoas com sobrepeso e 300 milhões com obesidade. Com esses dados em mãos, um novo mercado começou a deslanchar e inovar para atender o público tamanho GG, e com ele o termo ''Plus Size'' ganhou espaço e está invadindo os editoriais de moda e as passarelas.
As modelos ''Plus Size'' são donas do manequins que vão do 42 ao 52. Perfil até pouco tempo pregado como fora dos padrões convencionais das beldades do mundo fashion. Nos Estados Unidos, está se tornando comum o tipo ''Plus Size'' estampar campanhas publicitárias e capas de revistas. Foi assim que a brasileira Flúvia Lacerda se tornou uma modelo famosa.
É a própria Flúvia quem conta como tudo começou: ''Eu estava dentro de um ônibus atravessando Manhattan quando fui abordada por uma americana, que me questionou sobre a possibilidade de trabalhar como modelo. Na hora, achei que era uma piada e cheguei até a procurar por uma câmera escondida; afinal, como eu, uma mulher acima do peso (no Brasil, meu manequim é 48), poderia ser considerada ideal para o mundo da moda? A tal mulher era editora de uma revista de moda. Ela me deu o seu cartão e me direcionou para uma agência de modelos, dando uma explicação rápida de como funcionava esse mercado exclusivo para as gordinhas. Eu não fazia idéia de que existia algo assim e, principalmente, que se tratava de um negócio lucrativo e de grande sucesso.
Alguns dias depois tomei coragem e fui conhecer a tal agência. Saí de lá com o contrato e depois disso minha vida mudou completamente. Quem diria que uma gordinha poderia ser considerada linda e sexy?''.
Flúvia não está sozinha. Outro nome de destaque no mundo GG é o de Mia Tyler, filha do Steven Tyler (do Aerosmith). Além dela, Kate Dillon e Crystal Renn. No Brasil, as modelos Andrea Delgado e Simone Fiuza vem sendo requisitadas pelas grifes de moda GG. As duas dividem o tempo entre o trabalho de modelo e administração da agência G Gliter, voltada para o público ''Plus Size''.
Donas de belos rostos e fotogênicas, as ''cheinhas'' marcam presença. ''A demanda por manequins acima do tamanho 44 aumentou, claro que em proporções menores que em São Paulo, mas quando solicitado é um quebra-cabeça para encontrar meninas dentro dessas medidas'', comenta Eliana Soledad, agenciadora do Studio CDI, em Londrina.
Gordinhas, porém saudáveis
Diferente do que se imagina, a modelo ''plus size'' não descuida da alimentação e do bem estar físico. ''Ser gordinho não quer dizer sair comendo tudo o que vê pela frente. Nunca fiz dieta, mas também não vivo comendo besteiras nem tenho uma vida sedentária. No entanto, se quero comer um chocolate ou um prato de arroz e feijão, por exemplo, não me nego a esse prazer de forma alguma. Não como frituras, ou massas feitas com farinha branca. Consumo alimentos integrais. Não bebo refrigerantes e não como comidas processadas. Hoje, me preocupo mais com os ingredientes químicos adicionados nas comidas do que com o número de calorias. Aprendi a ler os rótulos das embalagens assim como quem lê a bula de um remédio e fiquei horrorizada com o tanto de substâncias maléficas ao organismo que ingerimos. Sou muito preocupada com o que coloco no prato da minha família'', ensina Flúvia. Ela também faz exercícios, usa como meio de transporte diariamente a bicicleta e quando não está viajando, faz dança Flamenca, uma de suas grandes paixões.