Elas definitivamente incomodam - as varizes não são apenas questão de estética, mas causam inchaço e sensação constante de cansaço e peso nas pernas. Mais de 25 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), sofrem com o problema. Para quem está preocupado com a chegada do verão, época do ano que as pernas ficam mais à vista, ainda há tempo de conseguir bons resultados com os tratamentos disponíveis.
Segundo os médicos vasculares Fernando Thomazinho e Rodrigo Gomes de Oliveira, de Londrina, as varizes são veias dilatadas e tortuosas que podem aparecer em qualquer parte do corpo, principalmente nas pernas. As causas para o problema são multifatoriais, entre elas ação hormonal, atividade laboral, que exige que a pessoa fique muito tempo sentada ou em pé, e a própria tendência genética. Obesidade, tabagismo, constipação intestinal e idade são outros fatores que favorecem o aparecimento das varizes.
Os médicos explicam que pela ação da gravidade a circulação do sangue é facilitada para ir pelas artérias até os membros inferiores, mas é preciso que a panturrilha, considerado um coração periférico, ajude nesse retorno venoso. Quando a pessoa fica muito tempo sentada ou em pé essa ação é prejudicada, e, com aumento da pressão nas veias, elas podem se dilatar. É por isso que além dos hábitos posturais, a obesidade e a prisão de ventre também favorecem o aparecimento de varizes, pois aumentam a pressão nas veias dificultando o retorno do sangue. E o cigarro agride a parede das veias.
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O problema atinge também os homens, mas as varizes são de duas a quatro vezes mais comuns em mulheres por conta da ação hormonal ao longo do mês, da gestação, do uso de pílulas anticoncepcionais e reposição hormonal.
Segundo Thomazinho, apesar de haver piora nos parâmetros de retorno venoso com o uso de saltos altos, a relação desse tipo de sapato com o aparecimento de varizes ainda é discutível. ''Não existe nenhum estudo que prove essa relação. A grande influência é hormonal mesmo'', atesta.
A diferença entre varizes e varicoses é que as primeiras se caracterizam por estarem situadas no tecido subcutâneo, enquanto os vasinhos estão na superfície. ''Por isso deixar de tratar os vasinhos não fará com que eles se transformem em varizes. O desconforto estético é a queixa mais frequente, mas nas varizes também pode haver dor e queimação'', informa Thomazinho.
As varizes costumam aparecer a partir dos 30 anos de idade e podem ir piorando com o passar dos anos, mas as microvarizes podem aparecer em pessoas mais jovens. Segundo eles, pelo menos 60% das mulheres e 40% dos homens apresentam varizes. Já as varicoses aparecem em 90% das mulheres em alguma fase da vida.
Mas, a questão não é só estética. ''As varizes causam um problema fisiológico para o organismo. Com o tempo, a má circulação pode provocar danos mais sérios com descamação da pele local, sangramento e até trombose quando o sangue coagula e obstrui a veia'', alerta Oliveira.
Tratamentos minimizam
Evitar as varizes, segundo os médicos vasculares Fernando Thomazinho e Rodrigo Gomes de Oliveira, passa por evitar ganhos exagerados de peso, adotar uma dieta rica em fibras para evitar a constipação intestinal, praticar atividade física e não permanecer por muitas horas em uma mesma posição.
Como evitar nem sempre é possível, seja por conta da atividade de trabalho ou da própria genética, tratamentos ajudam a minimizar o problema (confira o quadro). Os tratamentos normalmente são feitos com a aplicação de substâncias esclerosantes que causam uma inflamação no local e logo depois a cicatrização, o que faz ''secar'' os vasinhos.
Os agentes esclerosantes mais utilizados no Brasil são a glicose hipertônica, o oleato de etanolamina e o polidocanol (espuma). As aplicações são feitas com intervalos de 15 a 20 dias entre as sessões e os resultados aparecem em dois a três meses. Para veias de grande calibre pode ser necessária uma cirurgia. O laser, considerado uma cirurgia minimamente invasiva, é outra opção de tratamento.
O diagnóstico, explicam os médicos, é feito através do exame físico. Feito isso, um ultra-som das pernas mostra exatamente onde o refluxo de sangue está acumulando e a veia está dilatada. ''Baseado nisso é que determinamos o melhor tratamento'', explica Thomazinho.
Uma das novidades, já disponível em Londrina, é a crioescleroterapia que, antes da aplicação da substância, resfria a pele com um jato de ar com temperatura de 10 graus abaixo de zero. O objetivo é minimizar a dor, diminuir os hematomas e reduzir o número de sessões. ''O paciente pode retomar as atividades algumas horas após a aplicação'', garantem os médicos.
Como acontece
Nas pernas existe maior dificuldade para o retorno do sangue por conta da ação da gravidade. Por isso existe um sistema de válvulas no interior das veias, que se fecham, para que o sangue não volte depois que é impulsionado para cima. Com o tempo, há desgaste nessas estruturas, e com o aumento de pressão nas veias, causada por todos os fatores citados acima, elas dilatam.
Sintomas
Desconforto, sensação de cansaço e peso nas pernas
Para evitar
- Evitar ganhos exagerados de peso
- Adotar uma dieta rica em fibras para evitar a constipação intestinal
- Praticar atividade física
- Não permanecer por muitas horas em uma mesma posição
- Não fumar
- Não usar cintas abdominais apertadas
- Evitar anticoncepcionais
- Utilizar meias elásticas de média compressão, principalmente durante a gravidez.
Como tratar
- Aplicação de substâncias esclerosantes: as substâncias mais utilizadas são a glicose hipertônica, o oleato de etanolamina e o polidocanol, também conhecido por espuma. Essas substâncias causam uma inflamação no local e logo depois a cicatrização, o que faz ''secar'' os vasinhos. Elas são aplicadas com agulhas e seringas descartáveis. O uso de espuma associado com ultra-som pode ser uma alternativa à cirurgia em veias de grande calibre, como a safena.
- Aplicação de laser: O laser emite luz em altas temperaturas que leva a destruição da veia doente. A vantagem em relação à cirurgia é uma menor formação de hematomas e edemas no pós-operatório, e um retorno mais rápido às atividades habituais.
- Cirurgia: Antes da cirurgia, o trajeto das varizes é marcado com uma caneta especial. Nas veias não tão calibrosas, faz-se uma pequena incisão (cerca de 1 milímetro) com o bisturi, e, com a ajuda de uma agulha, retira-se a veia dilatada. Ao invés de pontos, usam-se fitas adesivas. Nas veias muito grossas, é preciso abrir um pequeno corte para retirá-las e pontos para fechar o corte.
Fonte: Médicos vasculares Fernando Thomazinho e Rodrigo Gomes de Oliveira