O HPV é a sigla em inglês de Human Papilomavirus - papiloma vírus humano em português. Eles pertencem à família Papilomaviridae e sua incidência não faz distinção entre sexos - atinge mulheres e homens - estado civil, idade ou classe social. Basta ter uma vida sexual ativa para estar no grupo de risco. Por ser uma doença que afeta pele e mucosas e ser sexualmente transmissível, o HPV pode provocar o surgimento de lesões genitais de alto risco, precursoras de tumores malignos, especialmente do câncer de colo do útero.
No Brasil, uma em cada cinco mulheres é portadora do vírus. "Mais de 95% dos casos, atualmente, de câncer de colo do útero são causados pelo HPV, que provoca alterações estruturais no material genético da célula do colo do útero e da vulva, fato que ocasiona uma modificação genética chamada atipia, que transforma a célula normal em uma célula com potencial de malignidade", revela a ginecologista Rosa Maria Neme, doutorada em Medicina na área de Ginecologia pela Universidade de São Paulo e Diretora do Centro de Endometriose São Paulo, clínica especializada no tratamento da doença.
E por que as mulheres são mais suscetíveis à contaminação? "As mulheres possuem uma resistência mais baixa à infecção pelo HPV, quando comparadas aos homens, por possuírem uma alteração da imunidade ao longo do ciclo menstrual, o que não ocorre no sexo masculino", explica a especialista.
Leia mais:
Programa de Atividade Física da UEL abre programação até dezembro; confira as atividades
Confira quatro dicas para começar a praticar esportes
Outubro Rosa: mulheres já devem agendar exames
Mulheres são as mais afetadas pela diabetes no Brasil
A eficácia da vacina
O tratamento do HPV pode ser realizado por meio de diversos métodos, cada um com suas limitações e com variados graus de eficácia e aceitabilidade por parte do paciente. Dentre as terapêuticas recentes, a vacina tem se mostrado um tratamento eficiente, pois estimula o organismo na produção espontânea de anticorpos contra o vírus do HPV. São três doses, com uma aplicação inicial, outra após um mês e a última depois de cinco meses da segunda aplicação. Ela abrange os quatro subtipos mais prevalentes do HPV: o 16 e 18, que são oncogênicos (com capacidade de causar câncer) e o 6 e 11 que não são oncogênicos e responsáveis por causar as verrugas genitais.
Com relação à sua eficácia sobre outros métodos, estudos demonstram uma defesa orgânica de pelo menos 90% com o uso correto da vacina, garantindo uma imunidade por pelo menos 10 anos. "Por não existir nenhuma contraindicação ou efeito colateral, a vacina pode ser aplicada em mulheres a partir dos nove anos de idade. Além disso, hoje, já se preconiza sua aplicação até os 45 anos de idade", explica Rosa Maria. Além disso, mulheres que já foram contaminadas pelo HPV podem receber a vacina, que contribui para diminuir a chance de recorrência da doença, segundo estudos europeus bem recentes.
Vacina ainda não é disponibilizada pelo SUS
Apesar de ser um problema de saúde com grande incidência no Brasil, as informações sobre o HPV e seus tratamentos têm chegado à população brasileira de forma inadequada. "Esse é um quadro muito delicado, principalmente quando se refere ao uso e eficácia da vacina para combater o HPV. A falta de informação por parte da população se deve também ao fato deste método ainda não estar vinculado ao SUS e ter um custo alto. Uma pessoa carente e, certamente, com maior risco de exposição à contaminação pelo vírus, tem pouca informação sobre essa forma de prevenção", avalia.
Na opinião da ginecologista, campanhas nos meios de comunicação, com atuação dos próprios médicos que atendem essa população mais carente, e a solicitação ao Ministério da Saúde para que a vacina seja incorporada ao calendário de vacinação são alguns pontos que, com certeza, melhorarão o conhecimento das mulheres sobre a existência e a importância desse tratamento. "A vacina não protege contra todos os tipos de vírus que causam o câncer, assim como pode não tratar uma infecção já estabelecida. Portanto, o exame preventivo (Papanicolaou) assim como avaliações periódicas ao ginecologista mantém-se necessários, além do uso de preservativos durante as relações sexuais que ajuda na prevenção", finaliza.