A universitária Paula Alho da Silva não faz dieta ‘nem aqui, nem na China’ e, em relação à academia, ‘está mais para turista do que para assídua’
Amanhã é segunda-feira e, ''sem falta!'', você dará início a uma nova dieta ou treinamento na academia? No caso das mulheres, a promessa adquire contornos reais? O discurso é posto em prática? Não, segundo recente pesquisa do Ibope Mídia. Apesar de 83% das mulheres brasileiras concordarem ser importante manter a forma física e cuidar da saúde, a minoria consegue seguir à risca uma dieta e manter a compostura, quando os hábitos alimentares são postos em cheque.
No universo de números e resultados, apenas 23% das entrevistadas - com 18 anos ou mais - afirmaram ter ingerido cereais nos últimos sete dias, 54% consumiram sorvetes e 70% devoraram um chocolate. Para completar o descompasso entre discurso e prática, apenas 38% das mulheres disseram praticar alguma modalidade de esporte ou atividade física pelo menos uma vez por semana.
Acadêmica de veterinária na Universidade Estadual de Londrina, Paula Marchezoni Alho da Silva soa, à primeira vista, como a mais aplicada das alunas e exemplo de bons hábitos à mesa. Ledo engano. ''Quando trabalhava como modelo, há uns sete anos, eu fazia dieta. No entanto, assim que parei de desfilar, os regimes foram chutados para muito longe'', entrega.
Apelidada de ''homenzinho'' entre os amigos pelo fato de não ser nem um pouco vaidosa, Paula tem a genética conspirando a seu favor. ''Não faço dieta nem aqui nem na China, nem que me paguem! Na verdade, amo comer e tenho mais facilidade para emagrecer do que para engordar. Para mim, o melhor programa que pode existir é um bom churrasco com meus amigos. Jamais dispenso! Tenho uma amiga, a Renata, com quem disputo nos churrascos para ver quem come mais. Encostamos a barriga no balcão da churrasqueira e dali a gente não sai até que uma de nós erga a bandeira branca. Tenho que assumir: sou uma caminhoneira!''.
No que se refere à relação de Paula com as academias, a morena faz jus à pesquisa do Ibope Mídia. Está mais para turista do que para assídua. ''As academias mal me conhecem. Fui apresentada a elas várias vezes, mas nossa relação durou apenas três meses. Ela tentou evitar que a amizade terminasse, mas esse tipo de amizade não combina comigo. Todo ano prometo que vou tomar vergonha na cara, começar a fazer exercícios, mas a preguiça fala mais alto, não sei fazer nada e detesto as dores típicas do dia seguinte de um treino''.
Na tentativa de retomar as atividades na academia, a futura veterinária - que é afeita ao hipismo - já contou com o incentivo de um amigo, personal trainer. ''O início durou zero minutos. Foi o tempo de eu ligar desmarcando. Se disser que segunda-feira eu começo, é mentira'', afirma.
Recaídas fazem parte do processo
‘Cuidar da alimentação é um ato contínuo, não existe começo, meio e fim. Por isso não gosto da palavra dieta, que traz idéia de privação’, diz a nutricionista Débora Sorgi
Diante do mau comportamento da brasileira à mesa, qual seria a solução? Como fazer da balança uma aliada? Para a nutricionista Débora Sorgi, a resposta está na rotina adotada.
''A balança deixa de ser vilã e se torna aliada quando a pessoa estiver bem consigo mesma e, principalmente, saudável. Para isso, é necessário aprender a se cuidar em todos os sentidos, mas, principalmente, do dia-a-dia alimentar. Quando a mulher aprende a cuidar da alimentação e oferece ao corpo tudo o que ele precisa, não tem como não ficar saudável.''
Partidária de que alimentação representa e é 100% importante na vida de qualquer pessoa, a nutricionista ressalta: saúde e boa alimentação caminham de mãos dadas. ''Se o corpo não receber os nutrientes necessários para funcionar corretamente, ele desenvolverá problemas de saúde e uma composição corporal inadequada, como, por exemplo, sobrepeso - obesidade. Vale lembrar também que, sem cuidar da alimentação, dificilmente um programa de exercícios trará um bom resultado.''
Àquelas que não dispensam as dietas, potes e cápsulas ditos ''milagrosos'', Débora solta a ducha de água fria. ''Cuidar da alimentação é um ato contínuo, não existe começo, meio e fim. Por isso não gosto da palavra dieta, que traz a idéia de privação. Para emagrecer não basta cortar alimentos e contar calorias, na verdade isso nem é tão importante, o x da questão está em trabalhar o comportamento alimentar e organizar o dia alimentar. Modificar a forma de olhar para os alimentos é um grande passo para conseguir emagrecer''.
Nesse sentido, a regra é clara: se o alimento não oferecer bons nutrientes, descarte-os. ''Alimentos não são apenas calorias, são fonte de matéria-prima. Emagrecer é nutrir-se de forma saudável e fazer o corpo funcionar melhor!''
Para tornar-se esbelta e saudável, segundo a nutricionista, a dica é querer. ''Tudo fica mais fácil quando a pessoa está motivada a conseguir algo. Ir ao nutricionista é um passo muitíssimo importante na busca da saúde e da beleza. Como regra em relação à alimentação, gostar muito de frutas, verduras, legumes, castanhas e de alimentos integrais, além de fazer várias refeições ao dia, não exagerar na quantidade geral de alimentos e moderar naqueles ricos em açúcar e gorduras e também na bebida alcoólica são uma ótima postura'', aponta.
Àquelas que pensam que as recaídas são o ''fim do mundo'', Débora deixa o alento. ''A mudança de hábito alimentar pode ser interrompida por recaídas. Aliás, isso não quer dizer que tudo está perdido. As recaídas não devem ser vistas como um fracasso consumado, mas sim como uma oportunidade de aprendizado para que se evite erros futuros. Pequenos deslizes fazem parte, o importante é saber voltar à rotina saudável.''
Dicas do personal trainer
- Avaliações físicas periódicas são importantes. ‘As avaliações físicas trazem os percentuais de gordura corporal, massa muscular e são um bom parâmetro para as mulheres acompanharem sua evolução’.
- Segundo o personal trainer, as mulheres têm, a cada dia, tomado mais consciência em relação à alimentação. ‘Ainda há muito o que melhorar, mas a demanda por nutricionistas já é maior, o que é muito bom.’
- A eterna busca em se adequar aos padrões estéticos não é o caminho. ‘Em primeiro lugar, devemos focar a saúde. Os resultados vêm por tabela’, acentua.
- Atenção, malhadoras de carteirinha: sua melhor amiga não é a balança. ‘O peso é bastante relativo para quem pratica atividade física. Muitas vezes não se perde ou se ganha um quilo em virtude de, na musculação, a aluna desenvolver massa magra.’
- Última ressalva: nada de malabarismos ou fórmulas para fugir das academias e pistas de corrida. ‘Quanto menor a freqüência, menores os resultados.’
Teste da calça jeans é infalível
Personal trainer acostumado a acompanhar as séries e a frequência de clientes das mais variadas idades, Márcio Simão constata diferenças de comportamento entre as mulheres conforme a faixa etária.
''As mais jovens vêm em grupo à academia e, se uma delas pára, as demais se desmotivam. Já aquelas que trabalham e têm filhos, desdobram-se para tentar manter a assiduidade.''
Para fidelizar sua clientela feminina, Márcio lança mão de alguns trunfos, segundo ele, efetivos. ''É importante adaptar o treino ao gosto da pessoa. Se as mulheres não gostam de treinar o bíceps, por exemplo, formulo uma série em que elas trabalhem esse grupo muscular de forma que se divirtam e não faltem'', diz.
Às que teimam em faltar ou que proferem o ''segunda-feira eu começo'', o profissional faz as ressalvas. O exercício é como alimentação: exige continuidade.
''É um ato que tem de ser renovado e um hábito a ser mantido. Mais vale se dedicar de duas a três vezes por semana a ir cinco dias na mesma semana em um mês à academia. Os resultados, que são o que todas procuram, são visíveis.''
Para tanto, Márcio cita o teste infalível: a calça jeans. ''A roupa, além das avaliações físicas, é muito importante na guerra que muitas mulheres travam contra a balança. É a calça que mostra os resultados de empenho e dedicação na academia.''