A saúde do sistema reprodutivo é um tema de grande interesse para o público feminino e a Síndrome do Ovário Policístico é um dos assuntos que integram esse universo complexo. Caracterizada pelo aumento do nível de testosterona no corpo da mulher, a doença tem como principais sintomas a irregularidade menstrual, o surgimento de acne, o aumento da gordura corporal e dos pelos. Frequentemente, ela também se manifesta por meio do aparecimento de microcistos no ovário.
Ainda não se sabe exatamente o que provoca a Síndrome do Ovário Policístico. Acredita-se que talvez algumas mulheres tenham uma tendência genética a desenvolver esse problema. Mas, independentemente de qual seja causa, o fato é que 6 a 8% das mulheres em idade reprodutiva no mundo sofrem com a doença.
Para ajudar a sanar as principais dúvidas acerca do assunto, a ginecologista Rosa Maria Neme, do Centro de Endometriose São Paulo, respondeu a várias questões sobre ovários policísticos.
1. Ovário policístico é a mesma coisa que cisto no ovário?
São duas coisas totalmente diferentes. O ovário policístico é uma alteração hormonal no organismo da mulher, a partir de um desequilíbrio hormonal, com maior produção de hormônios masculinos no corpo da mulher. Ele pode se manifestar com a presença de microcistos no ovário, mas não é esse aspecto que faz o diagnóstico do problema.
O diagnostico do ovário policístico é realizado através da identificação dos sintomas clínicos (acne, irregularidade menstrual, aumento de pilificação) e alteração da dosagem de hormônios masculinos.
Cisto no ovário é qualquer formação preenchida por líquido que aparece no ovário. Pode conter sangue (chamado de hemorrágico), líquido como água (chamado de folicular) ou ainda ser um cisto de endometriose.
2. Ele aparece na adolescência?
Ele pode aparecer em qualquer época da vida da mulher, mas tende a ser mais diagnosticado na adolescência.
3. Espinha no queixo é um dos sinais?
Os sintomas são decorrentes do aumento de hormônio masculino (testosterona) no corpo da mulher. Esses sintomas tendem a ter graus variados de acordo com o grau da doença. Assim, sintomas como acne, aumento da gordura corporal, aumento de pelos, queda de cabelo e irregularidade menstrual são os sintomas mais freqüentes.
4. Mulheres gordinhas e com forte incidência de pelos, principalmente no rosto, têm ovário policístico?
Estes podem ser relacionados a uma característica genética da mulher, mas também podem ser sinais da presença da doença. Exames são necessários para um diagnóstico preciso.
5. O ovário policístico provoca aumento na incidência e na intensidade das cólicas?
Em geral, não. Os sintomas mais frequentes do ovário policístico são a irregularidade menstrual, aumento de acne e pilificação.
6. Ele provoca algum tipo de sangramento?
Não. O ovário policístico, normalmente, pode causar ciclos mensais de anovulação (sem produção de óvulos) e, consequentemente, a mulher ficar alguns ciclos sem menstruar.
7. Como é feito o diagnóstico da doença?
O diagnóstico é feito pelo relato da paciente dos sintomas clínicos, associado à presença de dosagens hormonais que mostrem aumento dos hormônios masculinos no corpo. Somente a presença de pequenos cistos ovarianos ao ultra-som não faz o diagnóstico da doença.
8. A Síndrome do ovário policístico leva à infertilidade?
Um dos sintomas da síndrome dos ovários policísticos é a infertilidade. Sabe-se que, devido ao aumento dos hormônios masculinos, a mulher tende a ter uma maior quantidade de ciclos não ovulatórios e uma maior resistência dos ovários aos hormônios que dificulta a produção dos óvulos (desde que não tratada). Por isso, é importante que o diagnóstico seja precoce para evitar a infertilidade.
9. Ela pode atrapalhar as relações sexuais?
Não. A manifestação maior de um quadro de ovário policístico não controlado por muito tempo pode ser a infertilidade. Neste caso, isto acontece pela presença constante do hormônio masculino aumentado e da falta de ovulações, decorrente desta alteração.
10. Pode induzir ao aborto?
Pode favorecer, caso não seja realizado acompanhamento. As mulheres que têm ovários policísticos podem ter uma diminuição da produção do hormônio progesterona pelo ovário, que é o que mantém a gravidez nas suas fases iniciais (insuficiência do corpo lúteo ovariano em produzir este hormônio). Assim, toda mulher que engravide com este diagnóstico, deve receber uma suplementação de progesterona nos primeiros três meses de gravidez a fim de não ter um aumento das chances de abortamento quando comparamos com as mulheres sem a doença.
11. Quem toma anticoncepcional precisa suspender o seu uso após o diagnóstico da síndrome? E no caso de utilização de outros métodos anticoncepcionais, como o DIU?
Não. Inclusive, os contraceptivos orais com medicações que diminuam a produção da testosterona (hormônio masculino aumentado nos casos de ovários policístico) são indicados nesses casos. No caso do uso do DIU, recomenda-se a utilização daquele medicado com progesterona para evitar os efeitos maléficos desta alteração ovariana.
12. O problema pode influenciar no atraso da menstruação? Por quê?
Como dito anteriormente, a mulher que tem esta alteração, tem uma deficiência de ovulação e consequentemente na produção de progesterona pelo ovário. Com isso, ela apresenta uma tendência maior a ter ciclos sem menstruação, podendo às vezes a ficar até seis meses sem menstruar.
13. O ovário policístico pode influenciar no aparecimento de um câncer de colo de útero?
Não. O principal fator causador do câncer de colo de útero é a infecção pelo vírus do HPV. O ovário policístico é uma doença hormonal e, portanto, não tem nada a ver com este tipo de câncer.
14. O uso indevido de algum tipo de anticoncepcional pode levar ao aparecimento do ovário policístico?
Não. Acredita-se que exista em algumas mulheres uma tendência genética a desenvolver este problema.
15. O tratamento é feito apenas com cirurgia?
O tratamento é feito basicamente com medicações hormonais que reduzam os hormônios masculinos, como anticoncepcionais ou medicações mais específicas para isso. O tratamento cirúrgico é reservado apenas às mulheres que não respondem a este tratamento.
16. O tratamento de ovário policístico de ser realizado em conjunto com endocrinologista?
Pode e deve. O endocrinologista pode ajudar no controle não só do problema ovariano, mas também no controle de outras manifestações desta doença, como a obesidade.
17. Após o tratamento, a mulher pode desenvolver novamente o ovário policístico?
Pode sim. Não se sabe exatamente porque o ovário policístico se desenvolve, mas é uma doença que deve ser sempre tratada.
Serviço:
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