Boa forma

Salto alto é um convite para problemas na coluna

04 mar 2010 às 09:46

Em nome da vaidade, muitas mulheres não abrem mão do salto alto e acabam pagando um alto preço por isso. A postura exigida para "manter-se no salto" pode levar a problemas na coluna como a hérnia de disco, é o que esclarece o fisioterapeuta e fundador do Instituto do Tratamento da Coluna Vertebral, Helder Montenegro. Segundo o IBGE, a hérnia de disco atinge cerca de 5,4 milhões de pessoas no Brasil.

O uso do salto alto exige mudanças posturais ao pisar. Os pés ficam em posição de flexão plantar (ponta do pé). Com a mudança do eixo de gravidade mais anteriorizado, a base de apoio diminui na região do calcanhar, centralizando a sustentação do peso na região dos dedos dos pés.


"O salto alto é um veneno para a coluna feminina, pois provoca mudanças na angulação do cérvix do fêmur, que tende a pressionar a cartilagem do acetábulo e, com o tempo, desgastá-la causando deformidades, descontrole postural e mudanças na marcha", explica Helder Montenegro, fisioterapeuta e fundador do Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral.


Estou com hérnia de disco, e agora?


Muitas mulheres acometidas pela doença têm dúvidas em relação ao melhor tipo de tratamento. Há dados que indicam que apenas 5% das hérnias precisam de cirurgia. O tema tem gerado grande polêmica, pois muitos profissionais da saúde têm indicado cirurgia na maioria dos casos. Embora, diversos estudos apontem o tratamento convencional com fisioterapia, medicamentos e exercícios, como um dos melhores para o tratamento da hérnia de disco.


Um estudo publicado recente avaliou 581 pacientes, entre homens e mulheres, e os dividiu em 3 grupos: Grupo A: pacientes que foram recomendados para cirurgia (N=62); Grupo B: pacientes que foram recomendados para cirurgia, desde que os sintomas persistissem (N=74); e Grupo C: pacientes com lesões estruturais sugestivas de cirurgia (N=445). Após 1 ano do programa de exercícios, a cirurgia foi evitada nas seguintes porcentagens: Grupo A: 92 %, Grupo B: 83% e Grupo C: 93 %.


"O resultado do estudo é um indicativo importante para o investimento em tratamento tradicionais e continuados. No Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral, temos conseguido resultados equivalentes a 87% dos casos resolvidos por meio da Reconstrução Músculo-Articular da Coluna Vertebral - RMA Vertebral", explica Helder Montenegro. "Claro que isso só é possível se houver o comprometimento do paciente na manutenção do tratamento, ou seja, fazer exercícios como musculação e Pilates. E no caso das mulheres, evitar o uso contínuo do salto alto."


A técnica do RMA Vertebral une o trabalho da fisioterapia manual com a tecnologia das mesas de tração e descompressão e do Stabilizer - equipamento que condiciona o paciente a usar o músculo transverso do abdômen, e exercícios de musculação. A união de todos esses fatores permite que a paciente não tenha mais dor e inicie um trabalho focado no fortalecimento dos músculos posturais.

"O que falta no Brasil é uma maior integração entre médicos e fisioterapeutas, melhor consciência por parte dos cirurgiões, mais auditoria médica e melhor remuneração para os tratamentos alternativos que tenham comprovação científica. Por isso, eu acredito que se houvesse uma parceria entre as duas especialidades, muitos pacientes não sofreriam tanto por causa das hérnias de disco."


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