A pré-eclâmpsia é um problema grave que tem como principal característica o aumento da pressão arterial em mulheres na segunda metade da gestação. As causas do problema não foram claramente definidas, mas acredita-se que o problema seja consequência de uma "deficiência" na placenta - órgão que nutre o bebê dentro do útero.
Quem chama a atenção para a pré-eclâmpsia é o coordenador médico da equipe de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, Rogers Camargo Mariano Silva, explicando que a gestante hipertensa ou que possuir a doença precisará de observação e o bebê deverá ser monitorado constantemente.
A pré-eclâmpsia pode ser leve ou grave, em ambos os casos é caracterizada pela elevação da pressão arterial. Se não for tratada precocemente pode complicar a gravidez e trazer risco de morte para mãe e bebê, entre outras causas a mãe pode sofrer edema cerebral, hemorragia cerebral, insuficiência renal, insuficiência cardíaca e desprendimento prematuro da placenta da parede uterina ocasionando hemorragia vaginal, comprometendo o fornecimento de oxigênio e nutrientes ao feto.
A placenta poderá não se desprender, mas a hipertensão reduzirá o fornecimento de sangue o que restringirá o crescimento fetal, além de causar aborto, prematuridade e sofrimento fetal.
Sintomas e tratamento
A gestante pode detectar precocemente a doença ficando atenta a alguns sintomas como dores de cabeça persistentes, dores na costela, visão embaçada, vômitos, inchaço nos pés e mãos, além de convulsões.
Para a pré-eclâmpsia leve o tratamento consiste em repouso, deitada do lado esquerdo - a posição ajuda na circulação sanguínea para o útero e rins, diminuição do sal na comida, aumentar o consumo de água e rigorosa vigilância pré-natal. E aguardar o parto.
Já na pré-eclâmpsia grave a gestante deverá ficar internada, com as mesmas recomendações da leve, porém o controle é maior, nestes casos normalmente é indicada a interrupção da gestação.
Se a eclâmpsia for detectada precocemente é indicado tratamento e manutenção com anti-hipertensivo. Após o controle da crise, corticóides são recomendados para a maturação pulmonar caso o feto tenha entre 28 e 34 semanas de gestação.
As gestações com mais de 34 semanas normalmente são interrompidas com uma cesariana, abaixo de 24 semanas é aconselhado interromper a gravidez para salvar a vida da mulher, porém deve levar em conta a gravidade da pré-eclâmpsia e das complicações em casos extremos.
Na pré-eclâmpsia leve e na grave o bebê será monitorado, qualquer sinal de que ele não esteja se desenvolvendo ou que o volume de líquido amniótico esteja diminuindo, o médico poderá realizar o parto.
Peso controlado
A eclâmpsia também pode ser evitada com a realização adequada do pré-natal, com ganho de peso entre 8 e 12 quilos, avaliação adequada por profissionais especializados em gestação de alto risco - em casos com hipertensão e diabetes - pois estas patologias aumentam a incidência da doença.
Segundo o ginecologista é muito importante que a gestante mantenha uma alimentação balanceada na gravidez para evitar esse tipo de problema. "O ganho ponderal está diretamente relacionado a ocorrência de hipertensão arterial e diabetes que aumentam o risco da eclâmpsia", explica o especialista.
Toda gestante pode desenvolver a síndrome hipertensiva e correr risco de eclâmpsia, porém é mais frequente em mulheres jovens e gestantes acima dos 35 anos.
Após o parto a pressão arterial tende a voltar ao normal, já o inchaço nas mãos e pés pode permanecer por algum tempo.
Alguns fatores contribuem para o desenvolvimento da eclâmpsia como primeira gestação, quando há um espaço de dez anos entre duas gestações, gravidez após os 40 anos, obesidade antes da gravidez com um IMC de 35 ou mais, problemas no sistema circulatório, hipertensão, lúpus, diabete, gravidez de gêmeos ou mais, histórico familiar de pré-eclâmpsia e diagnóstico anterior de pré-eclâmpsia. A única cura para a pré-eclâmpsia é o nascimento do bebê.