Carnaval é sinônimo de alegria, festa e muito samba no pé. Há que se aproveitar essa festa e nem adianta dizer que os excessos serão evitados porque o brasileiro é um povo alegre e adora uma farra. O preço a ser pago é bem alto pois a diversão dura bem mais que um final de semana, a festa é sexta, sábado, domingo, segunda, terça e para os mais guerreiros, quarta também. E como "sobreviver" a esta maratona de exageros alimentares, etílicos, regados à exercício físico (festar cansa) e privação de sono? Um treinamento militar às avessas, como explica Fábio Cardoso, especialista em medicina preventiva, longevidade, antienvelhecimento e esporte.
Dicas para reduzir o estrago existem, mas o que realmente funciona?
Afinal quarta-feira de cinzas a vida recomeça e por isso o Fábio tenta criar os mandamentos para voltarmos do "inferno bom" que é o Carnaval, passando o menor tempo possível no purgatório – que é aquele cansaço, ressaca, baixa produtividade de todo folião ao final da festa. Primeiramente, o especialista explica o que é a ressaca, listando seus principais sintomas:
Os sintomas mais comuns são a dor de cabeça, a fadiga e a desidratação, e o menos comum é o tremor. A gravidade e o número de sintomas variam de pessoa para pessoa. Mas quanto mais beber, o "estrago" será pior.
Geralmente precisamos ingerir de 5 a 7 doses, dentro do intervalo de 4 a 6 horas, para causar uma ressaca em uma pessoa que bebe pouco ou de forma moderada (um homem que beba até 3 doses de bebida alcoólica por dia ou uma mulher que tome até 1). Quem bebe acima disto, é capaz de ingerir uma quantidade maior de álcool devido a uma maior capacidade de metabolização.
Saiba casos que podem agravar a ressaca:
A primeira razão é a desidratação. Quando se enche a cara, o cérebro secreta com menos eficiência a o hormônio antidiurético (ADH, na sigla em inglês), nos levando a urinar mais. 50 gramas de álcool nos fazem produzir 600 a 1000 ml de urina. Desidratados, continuamos bebendo álcool, um erro queinibe de vez a produção de ADH. Neste momento, passamos por distúrbios eletrolíticos(os minerais – sódio, potássio, calico e magnésio - são perdidos junto com a urina).
E segundo pelos processos químicos que estão acontecendo no corpo durante a ressaca por culpa do tal etanol (vulgo álcool). Para "botar pra fora o álcool é necessário quebrá-lo. E durante esse processo, algumas moléculas tóxicas são formadas. No fígado, uma enzima produz um componente chamado etanal. Também conhecido por acetaldeído, ele é tido como o vilão nº 1 da ressaca, já que em excesso causa aumento dos batimentos cardíacos, suores frios, náuseas e vômitos. Em outras palavras, o pacote completo das ressacas mais bravas.
Há ainda outros males que podem acometer um bebedor. A dor de cabeça, por exemplo, ocorre porque a rápida ingestão de álcool dilata os vasos sanguíneos, incluindo os que alimentam o cérebro, causando fluxo excessivo. Diarreias, por sua vez, podem ser causadas por desequilíbrios nos níveis de serotonina e histamina.
Em um estudo recente, no entanto, pesquisadores foram ainda mais longe. Eles convocaram pessoas para ficar sem comer ou se exercitar desde as quatro horas da tarde e começar a ingerir, às sete da noite, uma mistura de tequila com suco de laranja. Às onze, foram dormir.
No dia seguinte, os cientistas tiraram sangue dos voluntários e descobriram o seguinte: a bebida elevou os níveis de vários anticorpos. Em organismos saudáveis, que não têm agentes externos a combater, estes antígenos acabam causando náusea, tremores, diarreia e sintomas de gripe. Ou seja, nosso corpo combate o álcool como se fosse uma infecção.
A ressaca nos deixa também "menos inteligentes", o que confirmam pesquisadores da Universidade Keele, no Reino Unido. Eles descobriram que a ressaca atrapalha nossa memória (pior ainda a do trabalho) – conhecimento de fácil acesso no seu cérebro, que te faz entender essa sentença do início ao fim). Aí fica mais difícil fazer algumas tarefas básicas, como contas mentais. Durante a ressaca o desempenho da memória de trabalho pior até 10%, e ainda ficamos mais lerdos: se você tem 20 anos, quando tem ressaca, seu tempo de reação parece com o de alguém de 40 anos.
Agora como o carnaval é tempo em que os excessos são permitidos, o médico Fábio Cardoso ensina como reduzir o sofrimento pós-folia. Vamos as dicas: