Três mortes em quatro dias. O saldo trágico não é da violência nas estradas ou nas cidades. As três mortes são de atletas enquanto praticavam suas respectivas atividades físicas. Todas por mal-súbito. No último sábado (30), o jogador de futsal Emerson Rodrigues Rocha, o Messinho, 38 anos, morreu durante o aquecimento de sua equipe a Associação Desportiva Vale do Sol, em Guaporé-RS. Murilo Penitente, 20 anos, morreu na segunda-feira (1), durante aula de taekwondo em Marília-SP. Ele não praticava o esporte há dois anos, desde que exames cardiológicos indicaram que ele tinha um sopro no coração, e que não deveria praticar atividades físicas. Por último, o zagueiro japonês Naoki Matsuda, de 34 anos, que foi jogador da seleção japonesa durante a Copa do Mundo de 2002, faleceu na tarde de terça-feira (2), após sofrer uma parada cardíaca durante o treino do seu time, o Matsumoto Yamaga, atualmente na terceira divisão japonesa.
As três mortes confirmam a necessidade de fazer um check-up antes de iniciar uma atividade física constante. Porém, muita gente ignora esses riscos e prefere calçar o tênis ou a chuteira e se arriscar.
Os inúmeros compromissos profissionais e particulares impedem a prática rotineira de atividades físicas para um grande número de pessoas. Ao invés de frequentarem parques e praças diariamente, eles o fazem, na maioria dos casos, uma única vez por semana. Quase sempre aos sábados ou domingos, quando é mais fácil ou cômodo encontrar um espaço na concorrida agenda.
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O hábito de realizar exercícios de forma esporádica, no entanto, passou a receber atenção especial após uma metanálise com dados de 14 estudos publicada pelo Journal of American Medical Association (JAMA) sugerir que a prática de atividade física esporádica pode aumentar os riscos de infarto agudo do miocárdio em 3,45 vezes e de morte súbita em 4,98 vezes.
Avaliação
Para evitar uma surpresa desagradável, é aconselhável que esses "atletas de final de semana" procurem um cardiologista. "O médico realizará a avaliação apropriada para as características de cada paciente de acordo com a carga de atividade física proposta", explica o cardiologista Willyan Issamu Nazima, do Centro do Coração de Londrina.
Ele acrescenta que iniciar a prática de uma atividade física sem a prévia consulta ao cardiologista pode colocar em risco sua saúde. "A chamada avaliação pré-participação de atividade física é altamente recomendável. Pessoas aparentemente sadias e totalmente assintomáticas podem ser portadoras de cardiopatias que podem, durante atividade física, desencadear arritmias graves e parada cardiorrespiratória", alerta Nazima.
Limites do corpo
O médico dá uma dica importante: o respeito aos limites é algo que deve ser sempre lembrado na hora de praticar qualquer atividade física. "A pessoa não deve desobedecer à recomendação do médico. Se ela estiver apta a correr 30 minutos na esteira, por exemplo, não deve ultrapassar esse limite. No caso dela não ter condicionamento físico que suporte um esforço maior, problemas como falta de ar, desmaio e até parada cardíaca podem acontecer".
Nazima lembra que a prática de exercícios físicos, com o devido acompanhamento de especialistas, é fundamental para a saúde e o bem-estar do ser humano. "Tomando as devidas precauções, realizar atividade física regularmente é absolutamente seguro. São raros os casos de pessoas com problemas cardiovasculares decorrentes da prática de atividade física. Mas são cada vez mais frequentes os casos de cardiopatias em pacientes sedentários. Precisamos lembrar que o hábito de ficar deitado à frente da TV esconde riscos maiores que o hábito de caminhar, correr, pedalar ou nadar", finaliza.