Elas vivem em busca de um corpo perfeito. Insatisfeitas por natureza, as mulheres vivem procurando ter o cabelo menos 'espigado', as unhas menos lascadas, a sobrancelha mais perfeita, a barriga mais torneada e o bumbum mais empinado. Mas ao contrário do que possa parecer, uma pesquisa britânica feita pelas Universidades John Moores e Bristol, de Liverpool, indicou que o sexo feminino faz menos atividade física do que o masculino.
Na infância e na velhice
O estudo avaliou os níveis de atividade em crianças e pessoas acima de 70 anos e, nos dois casos, os homens eram mais ativos. Baseados na análise de meninos e meninas entre 10 e 11 anos de idade no horário de intervalo no colégio, os pesquisadores chegaram à conclusão que os garotos brincam de uma forma diferente das garotas - que têm tendência a passar mais tempo em grupos menores e participarem de conversas, jogos passivos e de socialização. Já a maioria dos pequenos, brincava em grandes grupos e isso os levava a praticar mais exercícios físicos, como futebol e basquete.
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Ao estudar os mais velhos, os pesquisadores concluíram que 70% das pessoas que participaram do estudo caminhavam menos de 5 mil passos por dia e que as mulheres tendiam a ser menos ativas do que os homens.
No Brasil
Mas se engana quem acredita que este tipo de conclusão só pode ser tirada em países onde a chuva e o frio são um motivo a mais para se apoiar na preguiça e não correr para academia. No Brasil, que é uma região tropical e que apresenta razões de sobra para arrebanhar milhares de adeptos ao corpo torneado, as mulheres continuam a encabeçar a lista do sedentarismo. Segundo pesquisa de uma universidade paulista, dos 38% de indivíduos que se exercitam regularmente, 48% são homens e apenas 31% são da classe feminina.
Mil e um motivos
Segundo o médico do Hospital Orthomed Center de Uberlândia (MG), Leandro Gomide, além do fato de que grande parte dos brasileiros não encontram disposição para enfrentar uma série de exercícios na academia após um exaustivo dia de trabalho, as mulheres se apóiam em outros fatores para deixar a malhação de lado. "Geralmente, as mulheres são mais sentimentais e, além do trabalho, precisam conciliar as arrumações domésticas, a vida familiar, os relacionamentos amorosos, o cuidado com os filhos e diversas outras atividades com a rotina diária. Assim, nunca sobra tempo para fazer uma caminhada ou se esmerar em uma esteira. E como se não bastasse, elas querem resolver os problemas delas, das amigas, dos parentes e de todo mundo com quem elas convivem. Aí fica difícil arranjar uma folga na agenda para cuidar do corpo", conta o ortopedista.
E este comportamento tem grandes reflexos dentro do consultório. "Por querer abraçar o mundo e fazer mil coisas ao mesmo tempo, a mulher esquece de tomar conta de seu físico e de sua saúde. Não são poucas as pacientes que chegam até mim com queixas típicas de quem não pratica exercícios: dores inespecíficas ou imprecisas (por todo o corpo e principalmente na região da nuca), atrofias, alterações na pressão sanguínea, no sono, no humor e nas taxas de hormônios. E associado a esses fatores, podemos dizer que o sedentarismo é o caminho mais curto para o desenvolvimento de patologias cardiovasculares, musculares e mentais", arremata.
Iniciativa preciosa
Para o ortopedista Daniel Barros, as mulheres precisam buscar novas alternativas para deixar este posto no ranking de sedentarismo. "Ações como trocar o elevador pela escada, descer do ônibus antes de chegar à parada certa (para caminhar um pouco), trocar o carro pela bicicleta, levantar do sofá para mudar o canal da TV, brincar de futebol com o sobrinho ou com o filho mais novo são alguns dos artifícios paliativos para quem não consegue frequentar uma academia. Mas se a mulher é tão determinada para fazer algumas coisas na vida, por que não pode se predispor a sempre fazer uma caminhada diária de 30 minutos? Ao levar cachorro para passear ela consegue fazer isto", diz. E concordando com o colega de profissão, Leandro Gomide estimula: "Basta querer e ter iniciativa. Se ela já consegue fazer tantas coisas, será muito fácil encaixar mais uma. Ter entusiasmo e procurar ajuda médica é essencial. Quando a mulher está disposta, não há quem a segure".