Quem pensa que as doenças cardiovasculares são exclusivas dos homens, se engana. De acordo com dados da American Heart Association, no ano de 2003, nos Estados Unidos, cerca de 483 mil mulheres morreram em decorrência de algum problema cardiovascular. Nesse mesmo ano, o número de homens vítimas do mesmo problema foi de 428 mil. "A incidência é tão alta que, em determinadas faixas de idade, é mais provável que elas desenvolvam uma doença cardiovascular do que um câncer de mama", afirma o cardiologista João Vítola, da Quanta Dignóstico Nuclear. Entre as doenças cardíacas, o infarto agudo do miocárdio, conhecido popularmente como ataque cardíaco, ainda é a que mais mata, tanto em homens quanto em mulheres.
Como as doenças cardiovasculares sempre foram associadas ao homem, as mulheres geralmente não se previnem. A isso, soma-se o fato de que, nas últimas décadas, as mulheres passaram a ter um estilo de vida que contribuem para estas estatísticas citadas, com muitas horas de trabalho, estresse, tabagismo, sedentarismo e o consumo de alimentos ricos em açúcares e gordura.
Na mulher, a morte por doenças cardíacas ocorre cerca de 10 a 15 anos mais tarde que nos homens. Os motivos que a levam a apresentar essa doença mais tardiamente ainda são pouco conhecidos. "A mulher tem um mecanismo de proteção até a menopausa, relacionado aos níveis do hormônio estrógeno, mas sua atuação ainda vem sendo estudada", explica o cardiologista.
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Os fatores de risco em mulheres são os mesmos que em homens: diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo, colesterol e pressão arterial alto e histórico familiar. Os sintomas típicos para homens e mulheres são a dor opressiva no centro do peito, desencadeada por esforços e aliviada em repouso. Porém, os sintomas em mulheres freqüentemente são mais atípicos. Durante um infarto, por exemplo, as mulheres costumam sentir mal estar geral, indisposição gástrica, semelhante a uma indigestão. "Essas apresentações atípicas dificultam o diagnóstico de uma doença cardíaca em mulheres", explica.
Sem informação
A falta de informação e até recentemente de campanhas preventivas voltadas ao sexo feminino também faz com que esse assunto seja colocado em segundo plano. Além do ginecologista, os outros especialistas, como o endocrinologista, devem ficar alerta aos fatores de risco e orientá-las a procurar um cardiologista, especialmente aquelas que já estão na menopausa e apresentem sintomas de doenças cardíacas.
As mulheres, assim como os homens, devem se submeter à avaliação cardiológica, incluindo consulta médica, exame físico e testes básicos como o eletrocardiograma de repouso e o teste de esforço.
Diagnóstico
Uma forma de avaliar o fluxo de sangue para o miocárdio é a cintilografia de perfusão miocárdica, um exame da Medicina Nuclear. "Uma investigação mais profunda pode ser um grande auxiliar na identificação precoce da doença, na orientação do tratamento e para a prevenção do infarto e da morte cardíaca precoce", explica Carlos Cunha, especialista em Medicina Nuclear da Quanta Diagnóstico Nuclear.
O exame atua como um estratificador de risco, identificando as áreas do coração que estão recebendo fluxo sanguíneo insuficiente em repouso ou durante o esforço. De acordo com o médico, o resultado pode ser decisivo para encaminhar o paciente para o tratamento necessário.
A maioria dos ataques cardíacos em mulheres pode ser prevenido. O cardiologista dá algumas dicas:
● Atividade física regular;
● Manter o peso ideal;
● Alimentação rica em fibras vegetais e pobre em gordura animal;
● Não fumar;
● Adotar um estilo de vida que minimize o estresse da vida moderna;
● Ter acompanhamento de um especialista.