A mulher brasileira precisa cuidar melhor de sua saúde - o que significa, principalmente, conhecer-se melhor, estar atenta aos avisos de seu corpo e realizar exames de prevenção. Esta foi a conclusão dos participantes do Fórum Cláudia pela Mulher Brasileira, que aconteceu em 6 de agosto, no Hotel Sheraton, em Porto Alegre, com a participação da psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Internacional Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), da mastologista Maira Caleffi, presidente do Instituto de Mama do Rio Grande do Sul, do cardiologista Ivo Nesralla, membro titular da Academia Nacional de Medicina, e de Marcia Neder, diretora de redação da revista Cláudia, que atuou como moderadora do encontro.
Segundo Maira Caleffi, que acompanha diariamente as histórias de quem possui ou já superou o câncer de mama, "a nossa sociedade não está acostumada com a prevenção, só com o tratamento. A conscientização só vem depois de uma experiência traumática". Os dados revelados durante o evento são alarmantes: a maior causa de mortes na população feminina (55%) está relacionada a doenças cardiovasculares. Na sequência, vem o câncer de mama - comprovando o nível de desinformação das mulheres, já que exames preventivos poderiam detectar o problema ainda no início, quando as chances de cura, segundo a mastologista, podem chegar a 95%. Hoje, a mamografia é oferecida gratuitamente pela rede pública a partir dos 50 anos, a cada dois anos, segundo Maira, o que pode atrasar o diagnóstico. Ela trouxe uma boa notícia: no dia 29 de abril passado, o presidente Lula sancionou uma lei que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a realizar de graça a mamografia em mulheres a partir dos 40 anos. A nova lei passa a vigorar no ano que vem.
Para Maira Caleffi, 90% dos fatores que levam ao câncer de mama são ambientais (a poluição, por exemplo, estimula a multiplicação das células doentes) ou decorrentes do estilo de vida. O stress tem papel preponderante do surgimento de muitas doenças, como lembrou a psicóloga Ana Maria Rossi, especializada em gerenciamento dessa condição. Má alimentação, poucas horas de sono e sedentarismo, aliados ao esforço para conciliar os múltiplos aspectos da vida, como a criação dos filhos, a carreira e os relacionamentos, tornam a mulher mais propensa ao stress e às doenças provocadas por ele. Vítima de uma competição social exacerbada e de preconceitos que persistem, ela freqüentemente ignora seus limites físicos e emocionais, explica Ana Maria. O segredo para uma vida com mais qualidade, na opinião da psicóloga, está em conhecer melhor o próprio corpo e seus limites. "As mulheres delegam o cuidado com sua saúde a uma série de profissionais. A maioria sequer sabe a quantas anda sua pressão sanguínea", adverte.
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Ao ignorar o funcionamento do próprio corpo, as mulheres se expõem a graves problemas cardiovasculares, aponta o cardiologista Ivo Nesralla. "Só 5% sentem a clássica dor aguda no peito, que se irradia para o braço esquerdo, como ocorre com os homens. Nas mulheres, a doença cardíaca tem sintomas inespecíficos, como uma dor gastrointestinal. Por falta de informação, elas demoram a procurar ajuda ou acabam se medicando de forma errada, e a conseqüência é trágica e chocante para todos." Meditando sobre o universo de suas pacientes, o cardiologista verificou que a maior parte delas possuía um quadro emocional instável e amargurado, algo que aumenta as chances do desenvolvimento de patologias. "A maneira com que esse perfil lida com as emoções é muito pesada", diz ele. O ideal seria administrar melhor o tempo e a incluir na rotina momentos para fazer as refeições com calma, dormir bem, realizar atividades físicas e buscar descontração.
Iniciativa da revista Cláudia, o Fórum pela Mulher Brasileira irá percorrer o Brasil debatendo temas de interesse do público feminino.