O que faz com que alguns percam peso facilmente e outros passem de dieta em dieta sem resultados satisfatórios? Por que depois de uma certa idade, as mulheres se tornam dependentes do controle da alimentação se quiserem manter o peso? A resposta pode estar no metabolismo de cada um.
Em entrevista à Folha de Londrina, o médico endocrinologista e especialista em doença psicossomática de Apucarana (PR), José Cervantes Loli, desvenda alguns desses mitos.
Até que ponto o metabolismo colabora para o ganho ou perda de peso?
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Ele corresponde a uma queima de energia. Sabemos que as pessoas têm o metabolismo de repouso e o metabolismo resultado do exercício físico. Na prática clínica fica difícil definir quem tem o metabolismo basal mais baixo e acaba apresentando maior dificuldade para emagrecer.
Quais são os fatores influenciadores?
Alguns fatores como idade, sexo, formas de se alimentar e exercício físico podem levar à variação do metabolismo ao longo dos anos. O homem tem, naturalmente, uma preservação da sua musculatura pela testosterona. A mulher, ao contrário, tem uma massa gordurosa maior e menos músculos, por isso ela queima menos calorias. Ela também é mais suscetível a uma grande oscilação hormonal durante toda a vida, o que traz variações metabólicas importantes, podendo levar à obesidade.
Determinados tipos de alimentos aceleram o metabolismo?
Existem alguns alimentos que o organismo precisa trabalhar mais para digerir, outros podem acelerar a queima calórica. Para melhor entender, podemos dividir os alimentos em energéticos e proteicos, além das vitaminas e sais minerais. Os energéticos (carboidratos e gorduras), como o próprio nome já diz, dão energia para queima calórica, essencial durante o exercício. Porém, quando ingeridos em grande quantidade de uma só vez, são acumulados no organismo na forma de gordura. Os alimentos proteicos - carnes magras, leite desnatado e seus derivados magros, além dos cereais integrais - são essenciais para se formar os músculos. As proteínas também gastam mais energia para serem metabolizadas. Estudos demonstram que os carboidratos, em doses adequadas, não só servem como energéticos, mas também equilibram, mantendo a perda de peso a longo prazo.
Como podemos mensurar o metabolismo?
Existem métodos simples e baratos para se definir o quanto de massa gorda um indivíduo apresenta. Medidas simples, como as pregas cutâneas, medida da cintura, assim como a bioimpedância elétrica, que mede a percentagem de massa gorda e magra. Quanto maior o índice de massa magra (metabolismo mais ativo), maior as chances de o indivíduo emagrecer.
Existe uma idade certa para mudança metabólica?
Nas crianças, o período mais comuns de se ganhar ''gordurinhas extras'' é após os três anos de idade, quando a velocidade de crescimento diminui e elas então passam a querer comer menos, o que é natural. Porém, pais despreparados podem começar a ''empurrar comida''. Entre os 10 e os 15 anos, os pré-adolescentes se alimentam mais e gastam menos energia, armazenando-as para a fase do último estirão (maior crescimento) que ocorre na puberdade. Na fase adulta já não há mais esse aumento estatural e o metabolismo vai reduzindo, principalmente entre os 30 e 60 anos de idade, tornando necessário uma redução de ingestão calórica.
Exercícios físicos transformam massa gorda em magra?
Sim, e isto é muito bom. Um atleta, mesmo em repouso queima calorias, ao contrário de uma pessoa sedentária. Com um treino regular de pelo menos três vezes na semana, com exercícios aeróbicos seguidos de musculação, conseguimos condicionar o corpo e ter uma musculatura apropriada para queimar calorias de uma forma mais intensa. O exercício aeróbico vai queimar massa gorda e a musculação vai formar mais massa magra.
O que fazer para manter o metabolismo em dia?
Além da atividade física regular é preciso ter uma alimentação disciplinada com horário para comer em intervalo de três horas, fazer ao menos seis refeições diárias. Dessa forma disciplinamos o organismo a queimar calorias em todos os horários.