* Por Joji Ueno
Aproximadamente 80% das mulheres irão conviver com os miomas, mas a maioria delas sequer desconfiará do problema por absoluta falta de sintomas. Essas estruturas, na maioria das vezes milimétricas, são tumores benignos que se instalam ao redor do útero - raramente no interior do órgão, uma vez que precisam de músculo para crescer. Quando dão sinais - alteração do volume menstrual com maior sangramento e dor pélvica - na porção inferior do abdômen - e aumento do volume da barriga, isso ocorre em 45% das mulheres na fase reprodutiva, às vezes, em idades limítrofes para gerar filhos.
O adiamento da gravidez para a faixa etária dos 40 anos, uma realidade que bate à porta das clínicas ginecológicas nas últimas décadas, também coincide com o período mais frequente de aparecimento desses sintomas e, portanto, de descoberta de um ou mais miomas. Os miomas não são tumores pré-cancerígenos. O câncer de útero apresenta características semelhantes ao mioma, mas aparece em menos de 1% das mulheres. É incorreto dizer que todo mioma pode evoluir para um câncer.
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O tratamento do mioma é determinado pelo médico de acordo com os achados diagnósticos, entre eles o tamanho do mioma, a quantidade, a sua localização no útero, a idade da paciente, os seus planos em relação à maternidade. Mas o objetivo deve ser sempre a busca pela intervenção menos invasiva e com menos efeitos colaterais. A prioridade deve ser sempre pela preservação da cavidade uterina, até porque as mulheres estão gerando filhos cada vez mais tarde.
Não é verdade que a presença de miomas obrigue necessariamente a retirada do útero. Há técnicas que asseguram bons resultados com o mínimo de invasão e agressividade. Mas se houver necessidade de remoção do útero, terá que ser uma decisão compartilhada entre o médico e sua paciente. Independentemente da remoção ou não do órgão, os miomas podem ser uma das causas de infertilidade, por dificultarem a fixação do embrião no interior do útero. Isoladamente, o mioma causa infertilidade em 5% dos casos. Mas esse índice pode chegar a 15% quando associado a fatores tubários e à endometriose.
* Joji Ueno é ginecologista, especialista em Reprodução Humana.