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Na contramão

Magros não se sentem satisfeitos com seu biotipo

Agência Fiocruz - Fiojovem
31 dez 1969 às 21:33

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Apesar do aumento da obesidade entre adolescentes, há ainda os que demonstram insatifação com a 'falta de peso' - Reprodução
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Na contramão das estatísticas que mostram o aumento da obesidade entre adolescentes e jovens, há os que estão insatisfeitos com sua magreza. A estudante Mariana Pereira*, de 16 anos, é uma dessas pessoas. Pesando 43 kg e com manequim 34, ela já procurou uma nutricionista para tentar engordar.

"Sempre fui muito magra. Quando era criança, isso não me preocupava. Só ficava chateada com os apelidos, como garça, minhoca magrela e palito. Hoje, a magreza me incomoda muito. Acho feia a pessoa magra demais. Ela fica desengonçada. Fiz uma alimentação supercalórica e consegui engordar um pouquinho, mas foi menos do que queria", diz Mariana.

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Mesmo se alimentando bem, Mariana não consegue ganhar peso, o que atribui ao biotipo herdado dos familiares paternos. Ela reclama da dificuldade de comprar roupas: "Muitas vezes, preciso usar tamanhos infantis, de 11 e 12 anos. E para piorar, tenho também muita facilidade de perder peso. Se ficar nervosa ou ansiosa, mesmo comendo muito, emagreço", queixa-se.

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Ao contrário da obesidade, a magreza não traz prejuízos à saúde, desde que a pessoa esteja se sentindo bem e não tenha nenhuma doença ou problema nitricional. Muitas vezes, ela está associada ao biotipo familiar. A nutróloga e chefe do Departamento de Nutrição do Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fiocruz, Célia Chaves, destaca que é normal, na adolescência, esse sentimento de insatisfação geral: "Se ele é gordo, quer ser magro; se é magro, quer ser gordo. Talvez, quando ficar mais maduro, o jovem consiga aceitar melhor seu biotipo. Há casos em que a pessoa precisa de um acompanhamento psicológico para se aceitar como é."

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Da depressão à aceitação


Para Felipe de Souza*, 16 anos, a magreza trouxe implicações como baixa auto-estima e depressão. Ele conta que, aos 12 anos, sentia-se muito mal com o seu corpo e chegou a sofrer depressão por conta das gozações dos colegas na escola.

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"Via os outros meninos engordando, ganhando corpo e eu continuava magro. Os médicos diziam que não tinha nada, que era o biotipo familiar, mas comecei a pensar que estava doente. Os colegas da escola me encarnavam muito, e muitas vezes eu chorava quando chegava em casa. A depressão me deixou ainda mais magro."


Atualmente, Felipe se sente mais tranqüilo. Há dois meses, começou a fazer exercícios de musculação, que estão dando mais forma ao corpo. Pesando 45 kg e com 1,66 de altura, ele diz que o importante é estar saudável. Para quem se chateia com a magreza, dá um recado: "Se esse for o seu biotipo, não esquente a cabeça, apesar de a sociedade impor a idéia de que para ser bonito é preciso ser fortão. Quando comecei a me aceitar, as coisas melhoraram. Se for para ser magro, tudo bem, que seja com saúde. Cada um é único, seja autêntico e se aceite!", afirma.

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Magreza e saúde


Para Célia Chaves, a primeira medida a ser tomada por quem se sente magro demais é procurar o médico para fazer uma avaliação. Há casos em que a dificuldade de ganhar peso pode estar relacionada a alguma doença.

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"É preciso examinar esse jovem e avaliar se ele é magro ou está desnutrido. O ganho de peso depende da ingestão de alimentos, do gasto energético e da capacidade de absorção do organismo. Quem é muito magro pode estar com um desses mecanismos em desequilíbrio", afirma Célia.


Além disso, o hipertireoidismo, a doença celíaca (intolerância ao glúten - proteína presente no trigo, aveia e outros cereais), doenças inflamatórias e a Aids são problemas que também podem ocasionar o baixo peso.

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Estirão do crescimento


Uma dessas principais alterações físicas na adolescência é o chamado estirão do crescimento. O esqueleto, por exemplo, aumenta em 25% e o peso pode dobrar 50%. Todo esse desenvolvimento requer muita energia. Por isto, o adolescente que já está abaixo do peso pode se sentir ainda mais magro.

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Para os que estão incomodados com a aparência magra, a nutróloga aconselha passar por uma avaliação médica. Dessa forma, terão certeza de não haver nenhum problema que dificulte o ganho de peso.


"Atualmente o que mais observamos é o aumento das doenças cardiovasculares por conta da obesidade, e esses problemas estão começando já na infância. Então, se você é magro, mas está saudável, ótimo! Você foi premiado com este biotipo. Aprenda a conviver com ele", aconselha.

* Para proteger as pessoas que deram depoimentos, seus nomes foram trocados.


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