Boa forma

Estudo aponta impactos do tabagismo na saúde da mulher

31 dez 1969 às 21:33

A Aliança de Controle do Tabagismo - ACT - aproveita o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, para lançar um novo material em seu website, intitulado 'Tabagismo e Saúde Feminina', e faz um alerta sobre o assunto.

Preparado pela médica ginecologista Edina de Araújo Veiga Lion, consultora da ACT, o material mostra que riscos e doenças antes tipicamente masculinos hoje atingem também as mulheres. O tabagismo, incorporado ao dia-a-dia da mulher e associado a uma falsa imagem de independência, juntamente com a exposição ao tabagismo passivo, tem elevado o impacto sobre a saúde feminina.


Evidências científicas têm demonstrado que as mulheres são tão ou mais suscetíveis que os homens aos malefícios do fumo, tanto nos aspectos de saúde geral (cardiovascular e pulmonar, por exemplo), quanto nas peculiaridades próprias do sexo, como a gestação, a menopausa, o uso de pílulas anticoncepcionais, os cânceres de colo uterino e mama, entre outros. Em termos objetivos, pode-se dizer que o tabagismo mata homens e mulheres, mas há diferenças específicas do gênero, cujas evidências são crescentes.


O estudo expõe ainda as diversas doenças causadas pelo tabagismo entre as mulheres. Confira as principais:


Doenças Cardiovasculares


O tabagismo é a maior causa de doença coronariana tanto em homens quanto em mulheres, e a correlação entre o fumo e a doença cerebrovascular também já foi descrita pela ciência. Além disto, fumar é o mais poderoso fator de risco para doença arterial periférica, e recentemente o fumo passivo tem sido colocado também como importante fator para doença arterial coronariana.


A doença cardio e cerebrovascular é a causa de morte mais comum entre fumantes. Os efeitos do fumo no início e na progressão da aterosclerose, assim como de suas complicações, é o maior responsável pelo aumento do risco cardio e cerebrovascular em fumantes, comparativamente aos não fumantes. Nas mulheres, embora o status hormonal possa ter um papel estabilizador da placa aterosclerótica, o tabagismo pode influenciar nas complicações da aterosclerose.


Câncer de Pulmão


O relatório "O Tabaco e a Mulher", do departamento americano de saúde, divulgado em 2001, alerta que nos Estados Unidos a mortalidade feminina provocada por câncer de pulmão aumentou 600% nos últimos 50 anos, sendo responsável por 25% das mortes por câncer nas mulheres americanas (contra 3% em 1950).


As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para 2008 no Brasil prevêem 9.460 novos casos de câncer de pulmão, classificando-o como o quarto mais frequente nas mulheres brasileiras (sem considerar o câncer de pele não melanoma), exceção feita à região Nordeste, onde ocupa o quinto lugar.


Estudos médico-científicos observam que os níveis de mortalidade por câncer de pulmão entre os homens têm se mantido estáveis ou até diminuído, em países desenvolvidos. Entre as mulheres, entretanto, tem havido um aacentuado aumento de mortalidade. Esse dado relaciona-se à redução do consumo de cigarros entre os homens, nestas últimas décadas, nestes mesmos países desenvolvidos.


Câncer de Mama


Segundo as estimativas do Inca, o Brasil deve registrar 49.400 novos casos de câncer de mama em 2008, que traduz um risco estimado de 51 casos para cada 100 mil mulheres, tornando-o o câncer mais incidente entre a população feminina (região sudeste do Brasil e no mundo).


A relação entre tabagismo e este tipo de câncer é muito estudada. Avaliações da época de inicio do tabagismo e sua intensidade têm sido realizadas para quantificar o aumento no risco de câncer mamário, relacionando-o com fatores de conhecida relevância na história natural da doença, como a existência de gestações e a menopausa. Sabe-se que o risco aumenta quando o tabagismo começa cinco anos após a primeira menstruação e em mulheres sem filhos, fumantes de mais de 20 cigarros/dia ou que tenham fumado cumulativamente 20 maços/ano ou mais.


Estudos recentes sugerem que tanto o fumo ativo quanto o passivo levam a um aumento no risco de doença, comparando-se com as mulheres não fumantes (ativas ou passivas).


Há também risco de câncer de pulmão para mulheres fumantes submetidas à radioterapia para tratamento de câncer de mama.


Câncer de Colo Uterino


O câncer de colo uterino é atualmente o segundo câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável por 230 mil mortes ao ano, em todo o mundo. No Brasil, segundo as estimativas do Inca, são esperados 18.680 novos casos em 2008.


A relação do tabagismo como importante fator causal para o câncer do colo uterino já é bem conhecida pela ciência.


Um bom exemplo é um estudo realizado em 2002, numa clinica de colposcopia em Rhode Island - EUA, entre pacientes com exames de Papanicolau alterados ou com diagnóstico prévio de câncer de colo. Foi confirmada nesta população uma grande porcentagem de fumantes (39%, ou seja, 98 entre 250 mulheres).


Em Oxford, no Reino Unido, uma avaliação de dados de 23 estudos epidemiológicos em câncer de colo uterino definiu com clareza que o risco deste tipo de câncer aumenta nas fumantes quanto maior é o número de cigarros ao dia (intensidade) e o inicio do tabagismo em idades mais precoces (duração).


Já o fumo passivo foi avaliado em um extenso trabalho realizado junto ao Hospital John Hopkins, acompanhando por anos um grupo de fumantes (ativos e passivos), confirmando-se o aumento do risco de câncer de colo para ambos os tipos de tabagismo (ativo e por poluiçào ambiental).


O tempo de sobrevida após o câncer de colo uterino também é influenciado pelo tabagismo. Estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina na Universidade de Washington chegou à conclusão que a sobrevida de mulheres com câncer de colo uterino diminui na presença do tabagismo. A chamada Síndrome da Morte Súbita do recém-nascido ocorre com mais frequência (de 1,4 a 3 vezes mais) entre os filhos de mães fumantes.


Não podemos esquecer também que a mãe fumante muitas vezes torna seus filhos fumantes passivos; tais crianças possuem um risco maior de apresentarem bronquite, pneumonias, otites (infecções de ouvido), asma (formas graves), sintomas respiratórios e crescimento pulmonar mais lento.

O estudo completo da ACT está disponível pelo link: http://www.actbr.org.br/uploads/conteudo/213_TABAGISMO_E-SAUDE_FEMININA_FINAL.pdf


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