Eles são considerados a paixão de muitas mulheres, mas podem causar estragos na estrutura do corpo - de dor nas costas à joanete, bolhas e calos. "O melhor calçado é o tênis, enquanto sapatos com salto plataforma, salto muito alto associado ao bico fino e salto alto simples são os piores", afirma o ortopedista Marcelo Cavalheiro, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e médico do Hospital Israelita Albert Einstein. O ideal é sempre buscar um calçado que tenha um salto baixo, com cerca de 2 a 3 centímetros de altura, assim como os tênis. Conheça os sapatos que mais prejudicam o seu corpo e saiba como amenizar os malefícios. Nem as sapatilhas escapam.
Salto alto demais
Resistir à sua elegância é difícil, mas o salto alto demais traz muitos prejuízos ao corpo. Segundo o ortopedista Marcelo Cavalheiro, esse tipo de calçado pode causar hiperlordose (acentuação da lordose, que é uma curva natural da coluna) e dor nas costas. Nos joelhos, pode ocorrer a chamada síndrome femoropatelar (dor na região da patela, também conhecida como rótula) e condromalácia patelar (machucado da cartilagem da patela), além do risco maior de entorse (distorção violenta que rompe os ligamentos de uma articulação), que gera ainda mais lesões.
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No tornozelo, também pode haver entorse, machucando a cartilagem ou os ligamentos dessa região. Os prejuízos são sentidos ainda nos pés: "O peso da pessoa fica no antepé, o que pode ocasionar metatarsalgia (dor na parte frontal do pé), joanete, calosidades, bolhas e retração do tendão de Aquiles?, conta o ortopedista. Por esse conjunto de problemas, a pessoa pode desenvolver algum tipo de problema postural com o uso constante de salto.
"Também pode acontecer de os músculos isquiotibiais - aqueles que vão da perna até acima dos quadris - ficarem encurtados, gerando ainda mais sobrecarga na coluna", diz o ortopedista Fabiano Faria, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Outro problema dos saltos se popularizou com a apresentadora Xuxa, a sesamoidite, uma inflamação nos ossos sesamoides, que estão localizados na parte dianteira dos pés. Com o acúmulo de pressão decorrente do uso de saltos, a inflamação ocorre, causando dores, calos e inchaço na região.
A solução para as amantes de salto é simples: diminuir o tamanho. "Deve-se evitar usar esse salto muito alto em muitos dias da semana, já que, quanto mais se usa, maior será a incidência dos problemas", aconselha Fabiano.
Salto fino demais
Toda mulher vira uma equilibrista quando calça um sapato com salto fino demais - o que é um grande problema, já que a caminhada fica instável e o corpo, desequilibrado. "Esse salto pode provocar os mesmos transtornos do salto alto, além de agravar ainda mais o entorse de joelho e tornozelo", explica Marcelo Cavalheiro. Para o ortopedista Fabiano Faria, a única solução é aumentar a largura desse salto, para que o caminhar fique mais estável: "Quanto mais fino, mais instabilidade para caminhar a pessoa terá".
Sapatilha
Mesmo eleita como um dos sapatos mais confortáveis, a sapatilha também tem as suas restrições. Ela não tem sistema de amortecimento, o que aumenta o impacto ao caminhar. "O excesso de impacto pode gerar consumo de cartilagem de quadril, joelho, coluna e tornozelo, porque ocorre uma sobrecarga nessa cartilagem", diz o ortopedista Marcelo Cavalheiro, que lembra que o uso excessivo da sapatilha também pode gerar inflamação no tecido gorduroso que reveste o calcanhar, chamado de coxim gorduroso do calcâneo.
Além disso, por ser baixinha demais, a sapatilha pode causar dores no tendão de Aquiles e fascite plantar (o famoso esporão), para quem não tem muita flexibilidade. "Até a pessoa melhorar o alongamento, ela pode usar um salto pequeno, de 2 a 3 cm, para o pé ficar ligeiramente inclinado, compensando a falta de alongamento", diz Fabiano Faria. Mas, se você não abre mão da sapatilha, tente usar uma palmilha de silicone ou espuma.
Rasteirinha
Apesar de também ser confortável, esse calçado é baixo demais e enfrenta problemas similares à sapatilha: pode levar ao desgaste de cartilagens de quadril, joelho, coluna e tornozelo se usadas em excesso. "A rasteirinha também aumenta a incidência de entorse de joelho e tornozelo e quedas, já que se prende facilmente em qualquer irregularidade do chão", alerta Marcelo Cavalheiro. Para aliviar os problemas, a solução é a mesma da sapatilha: procurar um sapato com salto pequeno ou com mais amortecimento.
Salto plataforma (meia pata)
O sapato meia pata é um dos piores: acumula os prejuízos de ser alto demais - lesões na coluna, joelho e tornozelo -, e é muito instável, já que eleva tanto a parte da frente quanto a parte de trás do pé e aumenta o risco de torções. "Essas torções costumam ser bem graves, já que, com esse tipo de sapato, o pé costuma ficar muito acima do chão", alerta o ortopedista Fabiano Faria.
Sapatos de bico fino
O scarpin de bico fino é chique, mas seus pés podem sofrer com essa elegância. Segundo o ortopedista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, esse sapato não deixa espaço para os dedos e pressiona-os demais, causando deformidades, tais como calosidades, bolhas e o famoso joanete. Fabiano aconselha que os sapatos de bico fino sejam substituídos por aqueles de bico mais alargado, principalmente se a pessoa tiver tendência a desenvolver joanete.
Sapato com numeração errada
A cena é clássica: basta achar um sapato maravilhoso e com um ótimo desconto que fica difícil resistir à tentação de levá-lo, mesmo que a numeração não seja exatamente a sua. No entanto, seja maior ou menor que seu pé, um sapato mal encaixado provoca calosidades e bolhas. "O sapato deve ser confortável para evitar quedas e bolhas, ou seja, precisa estar na o numeração correta", indica Marcelo Cavalheiro. (Fonte: Minha Vida, Saúde, Alimentação e Bem-estar)