Algo que talvez a maioria das pessoas não saiba é que, assim como uma alimentação saudável pode beneficiar a saúde, um esquema contínuo de exercícios pode fazer com que as pessoas vivam mais e melhor. Para Fábio Cardoso, especialista em medicina preventiva e longevidade, a dupla alimentação saudável + exercícios é imbatível. Ele destaca que nos últimos anos diversas pesquisas relacionaram longevidade e exercícios físicos.
Os estudos têm mostrado que os exercícios aeróbicos, como caminhar, nadar, andar de bicicleta e correr, melhoram principalmente o sistema cardiorrespiratório, assim como o risco de aterosclerose (entupimento das artérias provocados por acúmulo de placa de gordura) também diminui com essas atividades, provocando uma redução no LDL (colesterol ruim) e um aumento no colesterol bom (HDL). O coração também é capaz de bombear mais sangue e assim, o risco de ocorrer uma crise de taquicardia ou arritmia é menor. O tônus muscular aumenta e, com isso, as paredes dos vasos sanguíneos ficam mais fortes diminuindo a possibilidade da pessoa vir a ter complicações vasculares (varizes, tromboses, etc.).
Um artigo publicado no British Medical Journal conseguiu avançar nessa área de investigação demonstrando que as pessoas que correm habitualmente tem um índice de risco de mortalidade menor do que aquelas que não fazem esse tipo de atividade física.
E mais, quem faz exercícios, tende a se preocupar mais com a sua saúde. Segundo pesquisadores do Hospital Universitário de Copenhague e da Dinamarca, quem corre se beneficia dos efeitos do treinamento e adquire hábitos mais saudáveis (dietéticos, por exemplo) e seria isso que faria com que a pessoa vivesse por mais tempo e melhor.
Fábio explica que o trabalho analisou os riscos de morte de 4.658 homens, dos quais 217 eram corredores habituais no começo do estudo. Cinco anos depois, 96 seguiram praticando essa atividade de forma regular e 106 pessoas se incorporaram ao grupo. Os resultados deste estudo indicaram que quem corria tinha um risco relativamente menor de morte se comparado com aqueles que desistiram de correr e aqueles que nunca correram em momento algum. "Diante desses resultados a dica é: começar a praticar exercícios é importante, mas não pode parar", alerta o médico.
Mas e os músculos, qual a importância deles nesta conta? A explicação também vem de um estudo. Publicado recentemente no Jornal Americano de Medicina (JAMA), o artigo da Universidade da Califórnia (EUA), mostrou que a "quantidade" de músculos que você tem importa sim e muito.
Foram analisados 3.600 adultos entre 1988 e 2004, sendo homens com mais de 55 anos e mulheres com mais de 65 anos. Os cientistas encontraram o que sempre falamos: pessoas (independente do sexo) com altos níveis musculares tiveram menor mortalidade (por qualquer causa, qualquer doença), quando comparadas às pessoas com menos massa magra. Bem diferente na verdade: quase 30% a menos.
A pesquisa é mais uma excelente prova científica de quanto a qualidade de vida e a atividade física estão interligadas, e que o índice de massa muscular é sim um dos indicativos para o aumento da longevidade (viver mais), mas sem perder qualidade (viver melhor).
*Fábio Cardoso é médico especialista em anestesiologia, longevidade e envelhecimento. É pós-graduado em Medicina do Esporte e membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.