A população jovem brasileira está engordando. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizado pelo IBGE, referente aos anos de 2008 e 2009, mostram que 21,7% dos jovens, entre 10 e 19 anos, estão acima do peso. Já as crianças, entre 5 e 9 anos, mais de 30% apresentam excesso de peso.
A cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como redução de estômago, está sendo realizada por pacientes cada vez mais jovens. Em 2009 foram realizadas no País 1.500 cirurgias bariátricas em pacientes com menos de 20 anos, representando 5% do total desses procedimentos . "A legislação brasileira só permite a cirurgia após os 16 anos ou esses números seriam maiores ainda. Porém temos que alertar que o paciente deve ser muito bem avaliado pela equipe clínica", ressalta o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Thomas Szego, que coordena a partir do dia 17 de novembro o Congresso Brasileiro de cirurgia Bariátrica e Metabólica e o Congresso Pan-Americano de Cirurgia do Diabetes, em Bonito (MS).
O aumento do número de cirurgias bariátricas em jovens, porém, não é somente um reflexo do crescimento de jovens obesos no Brasil. De acordo com Szego, a técnica tem se aperfeiçoado nos últimos tempos, garantindo a segurança do paciente. "O Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza cirurgia bariátrica, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Hoje temos técnicas bem mais avançadas e profissionais com ampla experiência, reduzindo o risco de complicações durante e após o procedimento cirúrgico".
A cirurgia bariátrica pode ser indicada no tratamento de pacientes com IMC (Índice de Massa Corpórea - peso dividido pela altura ao quadrado) acima de 35. Ainda está em estudo pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) a liberação do procedimento para pacientes com IMC entre 30 e 35. "Nos casos que o IMC do paciente fica entre 30 e 35 é preciso uma avaliação prévia e individualizada para ver se realmente a cirurgia bariátrica é recomendável. São analisadas doenças consequentes da obesidade, como diabetes e hipertensão, e se o paciente já passou por todos os tipos de tratamentos convencionais, como nutricionistas e endocrinologistas", diz o médico.
A cirurgia, porém, não garante a redução de peso em definitivo. O paciente precisa fazer uma adaptação a sua nova realidade e contar com acompanhamento de profissionais da saúde para se adaptar a sua nova rotina. "No geral, depois de três anos 10% dos pacientes começam a engordar novamente, por não adotar um novo estilo de vida saudável. No caso dos jovens, a participação dos pais é obrigatória no processo. Eles precisam ser envolvidos porque a mudança na dieta e nos hábitos de vida, necessários após a operação, é o que garante a saúde do paciente e a o sucesso na eliminação de peso", ressalta Szego.