A receita mais eficaz para aqueles que lutam contra o excesso de peso já é bastante conhecida: comer menos e se exercitar mais. A novidade levantada pela psicóloga e fisiológica Georgia D. Andrianopoulos é que uma grande mudança no comportamento alimentar é possível por meio de um programa de reeducação do cérebro. Para a pesquisadora norte americana, é possível estabelecer uma eliminação na ânsia por comida - o que faz as pessoas comerem demais sem necessidade. O programa elaborado por Georgia está no livro ''Reeduque seu Cérebro, Remodele seu Corpo'', publicado pela Editora DVS.
Em entrevista à Folha, a autora explica que algumas pessoas reagem aos desafios da vida com ansiedade, agitação, medo e tristeza, e isso, segundo ela, faz com que se tornem ''comedores emocionais''. ''São aquelas pessoas que usam o prazer e a distração de comer para sentir alívio e mais calma. A comida é usada como uma droga para combater a angústia e o desconforto'', diz.
O livro apresenta ao leitor como é o funcionamento do cérebro e disponibiliza alguns testes que revelam a neurorregulação da alimentação. Segundo a autora, pessoas que abusam do excesso de comida possuem a área pré-frontal do cérebro ''defeituosa''. É nessa área que fica o sistema límbico, onde residem muitas estruturas que regulam a ansiedade, medo, raiva e tristeza.
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Para Georgia, a origem da gula e da obesidade reside na desregulação, ou seja, no mau funcionamento dos mecanismos que normalmente mantêm as pessoas num peso normal. ''Estudos têm identificado vários destes mecanismos regulatórios que dão errado. Eis um exemplo muito simples: comer deve desencadear a liberação de insulina, que por sua vez, deve 'desligar' o botão 'comer' do cérebro. No entanto, em alguns indivíduos os mecanismos responsáveis pela detecção de insulina perdem a sua sensibilidade e não acionam o botão 'desligar' para a pessoa parar de comer'', explica.
Estudos norte americanos mostram que as dietas não são eficientes na gestão de peso a longo prazo. Pesquisas apontam que mais de 90% das pessoas perdem peso com dieta e recuperam tudo o que perderam em menos de cinco anos. A psicóloga acredita que é possível evitar a desregulação por meio de novos hábitos (veja quadro).
Ainda segundo Georgia, muitas pessoas comem por diversos outros motivos que não estão associados diretamente à fome, como por exemplo, quando assistem anúncios de comida; quando veem outros comendo ou quando vivem emoções negativas. ''O mais importante é ter consciência de que as pessoas se tornam viciadas no prazer que a comida traz. Não há diferença alguma na química cerebral de uma pessoa que é viciada em cocaína, álcool ou comida'', finaliza.