Boa forma

Cólicas fortes em adolescentes podem indicar endometriose

31 dez 1969 às 21:33

No início da adolescência, os fluxos menstruais são irregulares, tanto em relação ao número de dias quanto ao intervalo entre eles. Porém, a situação se normaliza, em média, após dois anos da menarca. Algumas adolescentes, entretanto, ficam de cama todos os meses, durante o período menstrual. São dois, três dias sem ir à escola, sem sair de casa, devido a dores fortes. "De 40% a 50% das adolescentes que apresentam cólica incapacitante, quer dizer, dor intensa que requer repouso e as impede de exercer as atividades normais podem apresentar endometriose. A recorrência das cólicas incapacitantes pode ser o primeiro sintoma da endometriose, que pode levar à infertilidade na idade adulta e que tem muito mais chances de ser contornada com um diagnóstico precoce", explica o ginecologista e obstetra Aléssio Calil Mathias, diretor da Clínica Genesis, em São Paulo.

A endometriose é um problema que acomete quem menstrua. Mulheres que desenvolverão a enfermidade já podem ter, aos 14, 15 ou 16 anos, a tendência ou a manifestação leve da doença. As estatísticas apontam que, hoje, a doença atinge cerca de 6 milhões de brasileiras. No mundo, a marca é de 30 milhões. "O que poucos consideram é que essa doença se desenvolve lentamente e pode ser desencadeada logo no início da idade reprodutiva, antes mesmo de a menina ter sua primeira relação sexual. A idéia de que sentir dor ao menstruar não é nada demais é uma das razões para o diagnóstico tardio da doença", observa o ginecologista. Segundo estimativas do Nepe, Núcleo Interdisciplinar de Ensino e Pesquisa em Endometriose, meninas que começam a sofrer com os sintomas da endometriose na adolescência chegam ao diagnóstico até 12 anos depois, quando muitos estragos já foram feitos ao corpo.


Importância do diagnóstico precoce


A doença, que se caracteriza pela presença do endométrio - tecido que compõe a camada interna do útero - fora do seu órgão de origem, ganhou o apelido de "mal da mulher moderna" e começou a chamar a atenção nos últimos dez anos. O médico, que participou do 37° Congresso Mundial de Ginecologia Minimamente Invasiva, evento promovido pela AAGL- Associação Americana de Ginecologia Laparoscópica - em Las Vegas, EUA, conta que há algum tempo, a doença vem sendo um dos temas mais debatidos no evento. "O posicionamento da entidade e dos especialistas de todo o mundo vem sempre reforçar a necessidade de empreendermos mais esforços na educação das pacientes para evitar as piores conseqüências da endometriose, a incapacidade de gerar filhos no futuro", diz Aléssio Calil Mathias.


Pois é exatamente das clínicas de fertilização que vem a maioria das pacientes que partem para investigações sobre o porquê não engravidam e recebem o diagnóstico da doença tardiamente. "Embora não existam estatísticas precisas dos casos de infertilidade, é consenso entre os especialistas que essa é uma das causas mais freqüentes da dificuldade de engravidar, e sabe-se que metade das portadoras se torna infértil", observa o diretor da Clínica Genesis. O tempo de tratamento adequado é uma variável importante para evitar complicações na gravidez.


As causas precisas para o aparecimento da endometriose seguem desconhecidas. Hoje, uma das teorias mais difundidas é a de que alterações do sistema imunológico levam o corpo a atacar partículas do endométrio arrastadas no refluxo do sangue menstrual para outros tecidos, gerando inflamações crônicas que podem levar à adesão de órgãos. Fatores genéticos, estilo de vida, sedentarismo e alimentação inadequada potencializam o risco.


Atenção com as adolescentes


Médicos e profissionais das diversas especialidades que acompanham adolescentes - hebiatras, endocrinologistas, ginecologistas, nutricionistas, professores - devem estar aptos a reconhecer os sinais da doença e recomendar a investigação o quanto antes. "A partir do diagnóstico, a estratégia de controle pode ser traçada, assegurando qualidade de vida a esta jovem. Isso porque a endometriose, como o diabetes, é um quadro sem cura, mas a portadora pode controlar a evolução da doença", defende Aléssio Calil Mathias.


O tratamento, geralmente, implica na realização de uma laparoscopia, em que são removidas áreas de tecido atingidas pela endometriose, e na suspensão de menstruação, na maioria dos casos. "O tipo de medicamento usado para suspender a menstruação e o tempo desse procedimento variam de acordo com cada paciente", informa o ginecologista.


Aliados aos métodos terapêuticos citados, Aléssio Calil Mathias, também recomenda a suas jovens pacientes a adoção de medidas que facilitem e proporcionem qualidade de vida, tais como comer bem, praticar exercícios e cultivar bons pensamentos "Esses são elementos adicionais para afastar as complicações da doença e manter o corpo e a mente sob controle", diz.

Serviço:
Clínica Gênesis
website: www.clinicagenesis.com.br
email: alessio@clinicagenesis.com.br


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