Tão natural quanto respirar, o ato de se alimentar tem levantado muitas preocupações e cuidados pelas pessoas ao longo dos anos. Também pudera, a qualidade da alimentação tem decaído bastante nas últimas décadas por conta do excesso de gorduras, sal e da falta de nutrientes. A ingestão de gordura saturada - presente principalmente nos alimentos de origem animal – contribui para o aumento do colesterol no sangue, possibilitando o desenvolvimento das temidas doenças cardiovasculares.
Tabagismo, pressão arterial e colesterol são os principais fatores de risco que desencadeiam essas enfermidades. Porém, o mais silencioso deles é o colesterol. "Normalmente, a elevação dos níveis do colesterol não provoca sintomas. Somente um exame de sangue pode revelar o nível do colesterol", explica Marcelo Bertolami, cardiologista e diretor científico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde indicam que as doenças cardiovasculares são responsáveis por 33% dos óbitos no Brasil, o que representa 350 mil mortes por ano, cerca de mil por dia. Dentre os vários cuidados que as pessoas precisam ter para evitar essas doenças, o controle das taxas de colesterol é indispensável.
É possível lançar de mão de medidas preventivas simples, como passar a ter uma alimentação balanceada, optando por carnes mais magras, evitando alimentos amanteigados, embutidos (salsicha, linguiça, salame, presunto, mortadela), doces cremosos, creme de leite, queijos amarelos, peles de aves, vísceras; e substituindo fritos por assados, molhos calóricos pelas suas versões light, leite e iogurtes integrais por desnatados e a manteiga pela margarina. Além disso, a prática de atividades físicas sempre é recomendada.
Em muitos casos, a prevenção não basta e é necessário partir para o tratamento medicamentoso no combate ao aumento do colesterol ruim (o LDL). Segundo Bertolami, o principal grupo de medicamentos é o das estatinas. "São substâncias que agem diminuindo a fabricação do colesterol pelo próprio organismo. Existem muitas evidências de que o tratamento com esses produtos, a longo prazo, traz muitos benefícios", explica Marcelo.
Ele continua dizendo que "dentre os benefícios, destacamos a diminuição da doença cardiovascular de origem aterosclerótica (infarto, morte súbita e acidente vascular cerebral isquêmico, conhecido como derrame cerebral), que são os eventos que mais causam óbitos". Mas eles não param por aí.
- Redução de mortalidade total;
- Redução de número de infartos do coração;
- Redução do número de acidentes vasculares cerebrais isquêmicos;
- Redução de aparecimento de angina;
- Menos necessidade de revascularização do coração, seja por cirurgias ou angioplastias;
- Diminuição de internações hospitalares pelos problemas relacionados ao coração;
- Redução do desenvolvimento de insuficiência cardíaca, complicação frequente pós-eventos coronários;
- Menor incidência de tromboembolismos venosos;
- Redução de arritmias cardíacas de origem isquêmica (por falta de circulação das artérias coronárias entupidas pelo processo aterosclerótico);
- Melhor qualidade de vida livre de todos os problemas relacionados acima.
De qualquer forma, as medidas de prevenção, que envolvem uma valiosa mudança comportamental e o acompanhamento médico, são fundamentais para a melhor orientação rumo à qualidade de vida e à manutenção de um coração.