Nos dias de hoje é muito comum casais procurarem tratamento para engravidar, especialmente os que adiam o sonho de ter filhos. Mas, não basta apenas confiar nas técnicas médicas, é necessário cuidar da saúde reprodutiva e avaliar os riscos da maternidade tardia para a mulher e para o bebê. Esses e outros fatores que interferem na fertilidade são o tema da Campanha de Preservação da Saúde Reprodutiva, que será realizada pelo Centro de Reprodução Humana Curitiba no dia 17 de outubro, das 10 às 16h, na Boca Maldita.
Dados médicos mostram que a capacidade reprodutiva das mulheres entre 30 e 35 anos reduz de 15 a 20%. A possibilidade é ainda menor entre 35 e 39 anos, quando as chances caem de 25 a 50%, e entre 40 e 45 anos, que pode chegar a 95%. Já os homens apresentam uma redução natural pelo envelhecimento, principalmente a partir dos 40 anos.
De acordo com o ginecologista e diretor do Centro de Reprodução Humana Curitiba, Ricardo Beck, é necessário deixar claro para a população que há imponderações para a saúde da gestante de mais idade. "Pode se tornar diabética, ter hipertensão, além de riscos próprios da gestação tardia como nascimento de prematuros em gestações múltiplas e da necessidade de recursos como a doação de óvulos para mulheres com mais de 42 anos", conta.
Para ele, as informações sobre reprodução assistida transmitidas pela mídia nos últimos anos passaram a imagem de que atualmente as técnicas médicas resolvem todos os problemas, o que não é verdade. "A sociedade recebeu um bombardeio de informações sobre reprodução assistida nos últimos anos, porém muitas delas são sensacionalistas, passando a nítida impressão que as técnicas utilizadas resolvem todos os fatores", afirma.
Protegendo a saúde reprodutiva
A campanha mostra também que é possível proteger a saúde reprodutiva muito antes de se pensar em ter filhos. Os cuidados são praticamente os mesmos que se deve ter para garantir uma vida saudável: alimentação equilibrada e exercícios físicos – para evitar a obesidade, não fumar e usar preservativos nas relações sexuais, evitando doenças sexualmente transmissíveis.
Segundo o ginecologista, além da idade, outros fatores interferem na fertilidade feminina, como as doenças sexualmente transmissíveis, estresse, exposição à poluição e a substâncias tóxicas e, principalmente, o tabagismo. Nos homens, além de todos esses fatores, o hábito de manter-se por longos períodos sentado contribui para a infertilidade.
Tabagismo e obesidade
Fumo e obesidade afetam significativamente a fertilidade de homens e mulheres. O especialista explica que o fumo diminui a quantidade e a qualidade dos gametas masculino e feminino e acentua a perda da capacidade reprodutiva, pois causa um envelhecimento precoce no organismo, "mas pode-se retomar a capacidade reprodutiva parando de fumar". Em relação ao excesso de peso, ele explica que no homem ocorre um aumento da temperatura ao redor dos testículos, o que diminui a produção e a qualidade espermática, e na mulher leva a um desequilíbrio hormonal interferindo na ovulação.
De acordo com Ricardo Beck, há exames que podem dar uma noção aproximada da capacidade reprodutiva do homem e da mulher. Ele afirma que os custos de um tratamento para engravidar estão cada vez mais acessíveis, mas variam de acordo com o casal, ou seja, a razão pela qual a gravidez não ocorre.