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Afinal, qual a melhor dieta para emagrecer?

Redação Bonde*
31 dez 1969 às 21:33

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- Reprodução
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Não é de hoje que a disputa pelo título de melhor dieta para emagrecer aquece o mercado editorial e muitos outros mercados também. Há cerca de 20 anos as dietas pobres em gorduras e ricas em carboidratos tornaram-se populares devido à crença de que as calorias originadas das gorduras engordavam mais. Dietas ricas em gordura e pobres em carboidratos foram bem divulgadas na década de 70 pelo Dr. Robert Atkins, e voltoaram à moda nos últimos anos. Existem ainda as dietas com alto teor de proteínas que prometem ser mais eficazes com a idéia de que as proteínas têm o poder de promover saciedade mais precocemente.

Um grande estudo recém-publicado pelo New England Journal of Medicine revela que diferentes teores de proteína, carboidrato e gordura não influenciam a capacidade da dieta em promover perda de peso. Mais de 800 adultos com sobrepeso foram acompanhados por 2 anos. Após 6 meses do início da dieta, a média de perda ponderal foi de 6Kg (7% do peso inicial). Após um ano, os voluntários voltaram a recuperar o peso perdido, e já com dois anos de dieta, a perda ponderal média foi de 4 kg, a mesma perda de peso que os tratamentos com medicação costumam promover. O nível de satisfação com a dieta, assim como a sensação de fome e saciedade, não foram diferentes entre os diferentes tipos de dieta.

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O principal recado dessa pesquisa é que o teor dos macronutrientes numa dieta não é o fator determinante de sucesso para a perda de peso. A adequação da dieta às preferências pessoais e culturais talvez sejam mais determinantes para o sucesso a longo prazo. Outro ponto que merece destaque é o fato dos voluntários não terem conseguido manter o peso perdido inicialmente, e após 2 anos, continuaram com um Índice de Massa Corporal de 31-32, ou seja obesos. Isso num cenário muito acima da média do mundo real, com voluntários selecionados, com alto nível educacional e de motivação. Além disso, o programa de dieta foi conduzido por equipe altamente especializada.

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Não é preciso mais estudos para concluir que a dieta sozinha não é capaz de conter a pandemia de obesidade. Uma recente experiência na França abre caminhos para estratégias mais eficazes. No ano de 2000 duas pequenas cidades francesas iniciaram um esforço comunitário para conter a obesidade em crianças em idade escolar. Todos os setores da sociedade foram envolvidos no projeto: governo local, donos de lojas e restaurantes, cientistas, médicos, professores, meios de comunicação, associações esportivas, etc. Foram construídos parques e centros esportivos com instrutores e os pais passaram a receber orientação de como alimentar os filhos. Após cinco anos de iniciado o programa, os resultados foram impressionantes. A prevalência de sobrepeso entre as crianças passou para 8.7%, comparada a uma prevalência de 17.8% nas cidades ao redor. Esse mesmo projeto está sendo estendido agora para outras 200 cidades na Europa com a seguinte chamada: Juntos, vamos prevenir a obesidade nas crianças.

*Ricardo Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp. Atualmente, dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) e dedica-se ao jornalismo científico. É também titular do Blog "ConsCiência no Dia-a-Dia".


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