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'Queremos oportunidades'

Oscar 2016 é marcado por discurso contra o racismo no cinema

Redação Bonde com Agência Brasil
29 fev 2016 às 14:24

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A 88ª edição do Oscar, premiação considerada a mais importante do cinema, foi realizada na noite deste domingo (28) e teve boa parte da cerimônia conduzida com referências à campanha #OscarsSoWhite, que instigou o debate sobre a falta de negros entre os indicados após o diretor Spike Lee e o ator Will Smith anunciarem que não compareceriam ao evento deste ano, como forma de protesto.

O ator Chris Rock ocupou pela segunda vez o posto de apresentador da premiação, e logo na abertura fez um monólogo em que criticava a situação: "O que quero dizer é que não se trata de boicotar as coisas. O que a gente quer é oportunidade. Queremos que atores negros tenham as mesmas oportunidades. E só. Não só de vez em quando. Leo [DiCaprio] consegue um grande papel todo ano. Todos vocês conseguem grandes papéis o tempo todo. E os negros?", disse. Ao mesmo tempo em que criticaram as escolhas da Academia, as declarações ácidas do comediante deixaram muitos da plateia constrangidos.

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A presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Cheryl Boone Isaacs, utilizou um momento da premiação para se retratar sobre o assunto. Em um rápido discurso, ela afirmou que a instituição precisa ser um reflexo da mudança na sociedade. "Nosso público é global e rico em diversidade, e todas as faces da nossa indústria deviam ser também. (...) A inclusão nos fará mais fortes", afirmou, convocando todos os presentes - que por serem indicados ou já terem concorrido em outros anos se tornam membros da Academia - a se manifestar neste sentido. "Não é suficiente apenas ouvir e concordar; nós devemos agir", alfinetou.

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Anteriormente, Cheryl Boone Isaacs já havia se mostrado frustrada com as indicações deste ano: todos os 20 indicados a prêmios de atuação eram brancos. Em uma carta pública, ela afirmou que "esta é uma conversa difícil, mas importante, e é hora de grandes mudanças", anunciando que a instituição tomaria medidas drásticas para alterar a composição de seus membros.

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Premiação
O filme "Mad Max" foi o que mais levou prêmios na noite, conquistando a estatueta em quase todas as categorias técnicas. "O Regresso" garantiu o Oscar de melhor fotografia, melhor direção para o mexicano Alejandro González Iñárritu, e melhor ator para Leonardo DiCaprio, que alcançou o feito com muita torcida em todo o mundo após cinco indicações anteriores.


"Spotlight", drama baseado na história real de investigação de um grupo jornalistas de Boston sobre casos de abuso a crianças por padres católicos, levou os prêmios de melhor filme e melhor roteiro original. A estatueta de melhor atriz foi para Brie Larson, de "O Quarto de Jack", e a premiação de melhor ator e atriz coadjuvantes ficou, respectivamente, com Mark Rylance, por "Ponte dos Espiões", e a sueca Alicia Vikander, de "A Garota Dinamarquesa".


O longa "O Menino e o Mundo" representou o Brasil no Oscar 2016, mas acabou perdendo o prêmio de melhor animação para "Divertida Mente", da Pixar. Na categoria de melhor animação em curta-meragem, o chileno Gabriel Osorio Vargas levou a estatueta para casa por "Bear Story". Ainda entre os não-americanos, venceram também "O Filho de Saul", da Hungria, coroado como melhor filme estrangeiro, e o documentário "Amy", sobre a cantora Amy Winehouse, produzido no Reino Unido.

A trilha sonora de "Os 8 Odiados", de Quentin Tarantino, foi eleita a melhor do ano, premiando o maestro Ennio Morricone, que se comoveu a agradecer pela estatueta e se tornar a pessoa mais idosa a receber um Oscar. O cantor Sam Smith surpreendeu ao vencer na categoria de melhor canção original com "Writing's on the Wall", composta para o filme "007 contra Spectre". A favorita era a cantora Lady Gaga, que concorria com a música "Til it happens to you", do documentário "Hunting Ground", e emocionou toda plateia ao fazer uma intensa apresentação ao piano, com a presença de pessoas que sofreram abuso em campi de universidades dos Estados Unidos.


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