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Financiamento privado

Diretor de 'A Lei É para Todos' refuta acusações ao filme

Agência Estado
04 set 2017 às 09:47

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- Reprodução/YouTube
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Marcelo Antunez puxa a orelha do repórter. "Você nem deve se lembrar, mas o (jornal) Estado foi o primeiro a noticiar nosso filme. No lançamento de Até Que a Sorte nos Separe 3, você perguntou o que ia fazer a seguir e eu disse. Um filme sobre a operação Lava-Jato." Polícia Federal - A Lei É para Todos estreia nesta quarta, 6, precedendo o feriado. Melhor seria dizer - o filme vai tomar de assalto centenas de salas de todo o País. O número ainda está sendo fechado, mas será grande. A produtora Downtown, a distribuidora Paris, todo mundo aposta num megassucesso.

Antunez é prudente. Diretor de comédias, Qualquer Gato Vira-Lata 2, Até Que a Sorte 3 (codireção de Roberto Santucci) e Um Suburbano Sortudo -, ele já ultrapassou com elas, somadas, a marca de 10 milhões de espectadores.

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Pelo menos sob um aspecto, Polícia Federal é um óvni na produção brasileira atual. Sendo um filme sobre a má utilização de recursos públicos, Antunez e seu produtor pensaram que não seria ético utilizar as leis de patrocínio. Buscaram investidores privados, e eles aderiram, cobrindo, sem renúncia fiscal, os R$ 16 milhões da produção. Mas exigiram uma cláusula. No País polarizado por acusações de golpismo - e o choque entre "coxinhas" e "petralhas" -, os investidores deram dinheiro mas querem permanecer anônimos.

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Isso já gerou polêmica - seriam de "direita", como o filme. Antunez nega que tenha feito um filme ideológico, mas fez, e colocando na tela o ponto de vista dos federais. Em cena, a repórter engajada pergunta ao delegado Ivan por que ele está querendo destruir o PT? Ele retruca que investiga o que cai na rede. E Antunez: "Sempre votei no PT e até no PC do B. Não estou perseguindo ninguém. A história é boa e tem de ser contada. Quem roubou, tem de pagar". Num momento de dúvida, o delegado Ivan (Antônio Calloni) pergunta-se a quem servem as investigações que os federais estão fazendo. "Quero crer que ao Brasil", diz outro delegado.

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Ivan é um personagem fictício, embora tenha traços que o aproximam do delegado Igor de Paula. "Os investigadores são sínteses de figuras reais. Essa foi uma solução de roteiro que, ao mesmo tempo, me deu liberdade criativa. O Igor não participou da condução coercitiva do Lula. Foi outro delegado, mas na ficção o Ivan pode."


As coisas, de qualquer maneira, estão tão imbricadas no imaginário dos atores que, na coletiva de imprensa, Flávia Alessandra chamava de "Érika" sua personagem, e na ficção ela é Beatriz. "A Bia realmente se inspira na delegada Érika Marena, mas tentamos fazer com que ela representasse todas as mulheres que fazem diferença na polícia", diz Antunez.

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Calloni sabe dos riscos que corre - as redes sociais viraram campos de batalha -, mas na coletiva defendeu o filme como proposta para "um debate saudável". Polícia Federal já nasce com a promessa de ser trilogia. "Um só filme não daria conta de tudo. E a história continua. O segundo vai ser mais sobre a divisão do Brasil, começando com o impeachment da Dilma e terminando com o Congresso que blinda o Temer. O segundo vai agradar mais à esquerda", avalia o diretor.


Nesse primeiro, a curva dramática evolui para a caçada ao ex-presidente. Começa com referências a "ele" e o nome só aparece aos poucos. Vira uma espécie de confronto entre o juiz Sérgio Moro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o aspecto mais polêmico do filme. Moro é Marcelo Serrado, mais apático que neutro, parecendo um boneco de cera. "Encontrei o juiz e ele é muito sério, muito reservado. Foi o que tentamos reproduzir", diz o diretor.


E Lula? Antunez é entusiasmado por seu ator. Conta que Ary Fontoura o surpreendeu. Mas Lula, no filme, é ladino, senão velhaco, o que vale por um parti-pris. "Você acha?" Polícia Federal não quer apenas alimentar o debate. Sua vocação é a bilheteria. Afinal, os investidores não puseram dinheiro a fundo perdido, mas na expectativa de retorno, diz Antunez.

Assista ao trailer do filme:


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