Com inúmeras possibilidades de cores e uma beleza exuberante, a rosa do deserto tem ganhado lugar de destaque nos lares dos apaixonados por flores, ocupando até o posto de “nova orquídea”. No entanto, na primavera, estação que se inicia às 16h21 desta quarta-feira, 22, tem espaço para a beleza não só de ambas as plantas, como de qualquer outra que cumpra a função de trazer leveza para os ambientes.
Especialista na pesquisa e cultivo da rosa do deserto há 14 anos, o gaúcho e quase baiano – já que mora há duas décadas no estado – Valmor Terres acredita que a comparação acima se dá pela popularidade que a rosa do deserto tem tido nos últimos tempos pelo encanto e personalidade única de cada planta, mas esclarece suas principais diferenças.
“Diria que a rosa do deserto é mais fácil o cultivo por conta da sua rusticidade e características que permitem e exigem exposição direta ao sol, de pelo menos 4 a 6 horas diárias. Já as orquídeas exigem luminosidade indireta e local sombreado. A procura está cada vez maior pelas rosas do deserto. A orquídea, porém, sempre será uma planta maravilhosa com lugar de destaque. Elas exigem menos água, menos fertilizantes e menos luz solar direta”, explica o profissional que é mais conhecido como Valmor Adenium, sobrenome que pegou emprestado do nome científico das rosas do deserto.
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De cuidado delicado, as rosas do deserto exigem apenas paciência, atenção e amor. E, claro, uma boa dose de iluminação direta. Essa, inclusive, é a principal dica para quem quer ter uma em casa, mas mora em apartamento: melhor deixar em um ponto alto, de preferência perto da janela. Valmor lembra que o cultivo da rosa do deserto pode ser feito em qualquer lugar do Brasil.
“É uma planta que pode e é cultivada em todo território brasileiro. Deve se ter mais atenção nos locais onde existe o frio abaixo dos 15 graus, no sentido de evitar geadas. Nesse período, é importante diminuir a periodicidade das regas. No geral, abaixo dos 10 graus ela pode entrar em estado de dormência total ou parcial com essa temperatura constante, exigindo inclusive o corte no uso de fertilizantes”, reforça.
Valmor explica que a rosa do deserto, ou flor do sertão como também é conhecida, possui diferentes variedades como, por exemplo, a Adenium obesum – que como o nome cientifico sugere é gorducha – e a Adenium somalense, cujo registro de origem e descoberta é da Somália. Os diferentes nomes são só uma característica da planta que pode ser encontrada em diversas tonalidades, agradando a inúmeros perfis de admiradores.
“Com o advento da polinização e da mistura de flores de diferentes tons, além de gerar novas cores, tornando esse detalhe infinito, tem o fato da ocorrência de gerar flores com multipetalas. Ou seja, mais de uma camada de pétalas”, completa o profissional.
Pandemia impulsionou vendas - Com passagem profissional por setores como imobiliário, alimentos e bebidas e TI (tecnologia da informação), Valmor se dedica especialmente às rosas do deserto há 14 anos quando fundou, junto com a esposa, a soteropolitana Paula Oliveira Terres, a @rosadodesertovalmor, loja com sede em Camaçari, cidade próxima a Salvador (BA).
Atualmente com mais de 50 mil plantas em estoque, Valmor viu o negócio florescer influenciado pela pandemia. A produção teve que ser ampliada para atender pedidos vindos de todo o país. Hoje, 80% das vendas são realizadas via internet. O envio para qualquer lugar do país é feito por meio de tecnologia para que as plantas não sofram com o transporte e deslocamento.
Com mais tempo em casa, as pessoas passaram a utilizar as flores e plantas para decorar os seus lares. “Com a restrição de movimentação gerada por conta da pandemia, tivemos um acréscimo inesperado no consumo de plantas e insumos. Percebi, junto aos outros produtores, que as pessoas deram mais atenção às suas residências, seja para comprar flores, plantar ornamentais e até mesmo cultivar ervas aromáticas”, constata.
O trabalho com a rosa do deserto, para ele, vai muito além de cuidar de planilhas com números e resultados de vendas. Também significa perseverança e resiliência e uma conexão com a natureza e sua infância. Começou a ter contato com o cultivo de plantas através de seu pai, quando ainda morava no Rio Grande do Sul. “Meu pai é a primeira referência da ligação com os cultivos de flores. Lembro que na casa onde mora minha família há mais de 30 anos, plantamos no passado aproximadamente 10 pés de videira (uvas) que frutificam até hoje. Foi uma aula de perseverança, resiliência e de cuidados até o início da frutificação”, relembra Valmor.