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Saiba como projetar uma calçada cidadã em sua casa

25 jan 2010 às 10:55

Manter a calçada limpa, acessível, segura e confortável é o ideal que toda cidade gostaria de ter. Para perceber que estamos longe desse cenário, basta andar a pé. Os problemas parecem ser a regra: pisos soltos, buracos, desníveis, raízes de árvores expostas, material de construção em cima do piso, carros estacionados em cima do passeio.

Uma das maneiras possíveis de reverter esse quadro é conscientizar as pessoas que estão reformando ou construindo, afirma o professor de arquitetura da Unifil Carlos Augusto da Silva. ''Melhorar as condições das calçadas é contribuir individualmente para o coletivo'', ressalta.

Em Londrina, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippul), órgão ligado à Prefeitura, desenvolveu padrões, regras e aspectos técnicos de como executar calçadas cidadãs.

De acordo com Silva, o melhor caminho para quem quer refazer a calçada é contratar um profissional da área, que irá procurar o Ippul e seguir os padrões recomendáveis. A previsão de guia tátil, rampa de acesso e a definição de dimensões para a vegetação são algumas das normas.

As calçadas ecológicas também estão entre os modelos sugeridos pelo Ippul. Segundo o professor, a faixa ajardinada coberta por grama pode se somar tanto à faixa de serviços, onde são instalados orelhões, postes e vegetação, como à área próxima ao muro.

De acordo com o Ippul, a calçada ideal prevê pisos antiderrapantes, ausência de obstáculos como degraus entre os terrenos, dimensões mínimas de circulação e deslocamento para diferentes usuários, além de mobiliário urbano e vegetação dispostos de forma a não atrapalhar o pedestre. Para se ter uma ideia, a recomendação é construir calçadas com no mínimo 80 cm de largura para pessoas que utilizam a cadeira de rodas.

Ruas da cidade

A importância de privilegiar os pedestres nas cidades não é aleatória. Segundo números do Ippul, estima-se que em Londrina cerca de 650 mil viagens sejam realizadas diariamente, das quais aproximadamente 230 mil deslocamentos são realizados a pé.

Fazendo uma retrospectiva da história das cidades, Silva relembra que o domínio dos automóveis nas ruas não é um padrão, mas algo que marcou a história recente, mais precisamente o século 20. ''As cidades existem há 10 mil anos e as ruas sempre foram consideradas locais de transporte e encontro.''

Um exemplo de mudança de perspectiva no trânsito vem de Nova York, nos Estados Unidos, país onde as pessoas veneram carros. Segundo o professor, a cidade norte-americana está cada vez mais tirando o espaço dos automóveis para privilegiar seus pedestres.


César Augusto e Fábio Ciquini


César Augusto e Fábio Ciquini


Nas fotos, três modelos de calçadas ecológicas em Londrina. Projetadas com faixas ajardinadas, cobertas por grama, elas aumentam as áreas de absorção da chuva, sem prejudicar o pedestre. De acordo com o Ippul, são ideais para os bairros


César Augusto e Fábio Ciquini


Segundo a Norma Brasileira de Acessibilidade é recomendável utilizar faixas de piso tátil, com textura e cor diferenciadas, para facilitar a identificação do percurso por pessoas portadoras de deficiência visual. Na foto, faixa em calçada da Rua Piauí, centro da cidade de Londrina


César Augusto e Fábio Ciquini


Piso intertravado é montado por peças de concreto encontradas em diferentes espessuras. Os blocos devem seguir normas no que se refere à resistência à compressão e dimensões, e podem ser utilizados tanto em áreas externas quanto internas. Material tem alto coeficiente de permeabilidade, facilitando a infiltração da água no solo


César Augusto e Fábio Ciquini


Piso contínuo que vai da calçada ao recuo do estacionamento cria unidade visual e conforto estético, facilitando a aproximação das pessoas à vitrine


Dicas

- A calçada deve ser construída a partir do meio-fio de concreto pré-moldado instalado pela Prefeitura ou pelo loteador com 15 cm de altura

- Os passeios devem ter superfície regular, contínua, firme e antiderrapante em qualquer condição climática, executados sem mudanças abruptas de nível ou inclinações que dificultem a circulação dos pedestres. Observe os níveis dos vizinhos para que haja concordância

- As tampas das concessionárias (rede de água, esgoto e telefonia) devem ficar livres para visita e manutenção

- Nenhum degrau poderá ser feito na calçada. As rampas para acesso de veículos ou demais nivelamentos entre a calçada e a edificação deverão ser acomodadas na parte interna do terreno. É proibido por lei construir rampas para veículos na faixa da calçada

- Todas as calçadas devem apresentar inclinação de 2% no sentido transversal, em direção ao meio-fio e à sarjeta, para garantir o escoamento da chuva. Isso significa que a cada metro de calçada construída em direção à rua deve haver declividade de 2 cm

- Deverão ser executadas no meio-fio das esquinas rampas de acesso para pessoas com deficiência com 1,50 m de largura a partir do desenvolvimento da curva segundo a lei 7.483/98 do Plano Diretor de Londrina

- De acordo com o Código de Posturas do Município de Londrina, os proprietários são responsáveis pela execução e conservação das calçadas. No caso dos terrenos públicos, a responsabilidade é da Prefeitura. Moradores, comerciantes e industriais são responsáveis pela limpeza em frente de suas residências ou estabelecimentos

Fonte: Ippul


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