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Planejar para não errar

Reforma: como não perder (todo) o bom humor

Luciano Augusto - Folha de Londrina
30 set 2009 às 12:14

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- Eduardo Anizelli/Equipe Folha
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De um dia para o outro, sujeitos que você nunca viu na vida invadem sua sala, banheiro, quarto. Marreta na mão, arrastam móveis, quebram parede, arrebentam piso, enchem o quintal com máquinas e materiais de construção... Batem, amassam, respingam... Sobe a poeira, a desorganização enche o ambiente, até o cachorro, coitado, fica deslocado...

Passar por essa via sacra sem ter como pedir um cantinho temporário na casa da sogra traz muita dor de cabeça e, claro, mal humor. Mas quem é do ramo garante que reforma nem sempre precisa ser sinônimo de estresse e que é possível evitar algumas pedras deste caminho.

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Para quem não pode mais como adiar o inevitável, os especialistas adiantam que o erro mortal é começar a reforma sem fazer um planejamento anterior ao quebra-quebra. ''Planejar é absolutamente necessário. Aquele negócio de que 'não precisa porque é só um puxadinho' só dá encrenca. Outra coisa é ter cuidado com o 'Jack' - já que vou trocar o piso, trocarei também o azulejo -'', adverte o arquiteto e diretor do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi) em Londrina, Osvaldo Santos Jr.

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Quando isso acontece, complementa, a reforma se torna um tormento, ''tanto para o cliente quanto para o profissional que foi contratado, principalmente quando o proprietário continua morando no imóvel''. Ele comenta que os transtornos com a obra - ''coisas fora do lugar, poeira, garagem bloqueada pelo monte de areia'' - atrapalham a vida do morador e quem paga o pato, quase sempre, são os operários. ''Ninguém suporta'', brinca, com seriedade.

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O arquiteto garante, porém, que há como evitar parte do mal humor tomando algumas medidas básicas. Revistas de construção e decoração, por exemplo, ajudam a clarear as ideias. Outra dica é contratar um profissional habilitado no Crea, estabelecido no mercado, e discutir com ele o projeto mais adequado ao bolso e ao espaço a ser reformado. ''Neste projeto, que deve discutido com a família inteira, a comadre, a vizinha, o papagaio e quem mais quiser dar palpite, será feito o orçamento de tudo e uma previsão do que pode acontecer no futuro.''


Atentar-se à burocracia também é fundamental. Reformas amplas precisam ser licenciadas pela Prefeitura e obter a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no Crea. Em condomínios, é preciso ainda de autorização da administradora. Mas Santos Jr alerta que, mesmo assim, os imprevistos são inevitáveis. ''Às vezes, se abre uma parede e há falta de ferro ou não tem fundação. Ou então, a rede de esgoto do vizinho aparece do nada no quintal. Os imprevistos acontecem e podem chegar a dar até 50% de acréscimo no custo final da obra'', afirma o especialista.

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E a coisa pode ficar pior ainda quando se faz o famoso ''contrato de boca com o seu Zéquinha''. ''É um pedreiro bonzinho, barateiro, que já fez obra para minha filha. Mas se der algum problema e ele sumir, você vai reclamar com quem?''


Adicional

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Às voltas com projetos há três décadas, a engenheira civil Eliza Koyama chama a atenção para as surpresas, principalmente em imóveis mais antigos que, em sua maioria, não contam com projetos estruturais: ''os clientes sabem o que não querem mas não têm noção se tudo que querem será possível de ser executado daquela maneira e, por isso, é preciso descobrir as possíveis interferências que podem ser encontradas'', aponta. Ela garante que o aumento da concorrência entre profissionais projetistas ajudou a derrubar os preços e o mito de que os projetos custam caros e que são dispensáveis. ''Projeto não é despesa. É um adicional que barateia custos e agrega valor ao imóvel'', valoriza.


A arquiteta Cynthia Queiroz aconselha a ver a reforma com outros olhos. Ela concorda que uma obra pode ser estressante mas também ''é sinônimo de renovação, de organização e de melhorar a forma de utilização espacial, priorizando o conforto, a técnica adequada e qualidade de vida''.

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Piscina (quase) pronta para o verão


''A reforma nem é tão extensa mas a bagunça é grande'', brinca a gestora pública Sandra Regina Rodrigues do Amaral, quando olha para o quintal cheio de entulho de construção. A piscina dos sonhos estava programada para ficar pronta em três meses mas passou o quarto, o quinto também ficou para trás, o verão já dá as caras e nada da área de lazer ser concluída.

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Mesmo sendo daquelas pessoas que não se entregam para o mau humor, Sandra admite que os atrasos, principalmente na entrega de materiais, a deixaram muito, mas muito, irritada. ''Foi muito estressante e já briguei muito com fornecedor que mandava material faltando, pedido errado e outros que não entregavam na data combinada. Teve dia que tive de perder o bom humor para fazer as coisas andarem'', recorda. Com o pedreiro, ''de confiança'', ela fala que não tem do que reclamar mas a obra teve que parar nos últimos dias: o profissional teve um problema cardíaco e está de repouso por orientação médica.


O resultado disso tudo é que o prazo inicial de três meses para conclusão da piscina, um espaço gourmet, varanda e a troca do piso externo passou para quatro meses, cinco e o sexto já está indo embora. Enquanto isso, Sandra calcula que os gastos com a obra já aumentaram em quase 40%. ''Se tudo der certo, espero que dentro de mais uns 20 dias consiga encher a piscina. Senão, quem sabe não consiga usá-la no próximo verão'', ironiza.

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Ajustar o novo com objetos que vão permanecer


Nossos avós não ganharam uma só ruga se preocupando com reformas de imóveis. É que, segundo o arquiteto Osvaldo Santos Jr, as casas de algumas décadas atrás eram feitas para durar para sempre, sem necessidade de mudar banheiro, derrubar parede ou alterar a fachada. ''Eles ficavam anos e anos com o mesmo imóvel e quase nunca pensavam em reformá-lo. Não precisavam disso, porque a tônica era ter muitos cômodos pequenos e isolados'', recorda.


Já hoje em dia, quanta diferença... O banheiro tem que ter hidromassagem, ofurô, box de vidro reforçado, entre outros equipamentos. A cozinha se aproximou da sala, os quartos são mais amplos. Os equipamentos eletrônicos estão por toda a casa e precisam se harmonizar com o ambiente. Até o quintal merece um toque especial.


Santos Jr avalia que isso é bem vindo mas avisa que achar que tudo que é mais caro é melhor não é a melhor saída. O arquiteto diz que há excelentes materiais que não são, e nem tem os preços, dos ''top de linha'' e que funcionam tão bem ou melhor do que os que custam mais. ''Por isso o planejamento é fundamental'', argumenta.

Por sua vez, a engenheira civil Eliza Koyama aponta que as novidades podem ser introduzidas mas há que se ter atenção também à decoração e tentar ajustar o novo com os objetos que vão permanecer no ambiente. ''É preciso conciliar o novo como tudo aquilo que você tem em casa senão fica a parede de uma cor, o sofá de outra e a cortina de outra. Não dá nada certo'', conclui.


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