O uso racional e consciente de água estimulou o mercado a desenvolver mecanismos que evitam excessos e gastos desnecessários. Embora esses mecanismos sejam perfeitamente adaptáveis a casas já concluídas, o planejamento de seu uso deveria constar logo na elaboração do projeto arquitetônico. ‘Evidenciar essa necessidade para o arquiteto é fundamental para garantir o sucesso de sua implementação’, alerta o engenheiro civil e projetista hidráulico Valdir Carrion.
A preocupação com o consumo inicia-se ao observar aspectos técnicos, como a altura da caixa d‘água. Um reservatório com altura ideal garante boa pressão e vazão (quantidade de água liberada). ‘Quando a caixa d‘água não está na altura correta, é preciso fazer uso de pressurizador elétrico, o que aumenta o consumo de energia no lar’, explica Carrion.
Em casos onde a pressão da água é muito grande, como em prédios, é possível adaptar nos chuveiros e torneiras o redutor de vazão, que controla a emissão de água reduzindo o consumo. ‘Quanto maior a pressão, maior será a vazão de água. Para evitar desperdício pode-se controlar a vazão com o redutor’, ensina.
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O engenheiro alerta sobre os chuveiros de alta performance presentes no mercado que chegam a liberar até 50 litros de água por minuto, enquanto o chuveiro comum libera 6 litros por minuto. ‘Em um banho de 10 minutos, um chuveiro comum gasta 60 litros enquanto os considerados de alta performance gastam 500 litros’, evidencia. A sugestão é buscar orientação especializada na hora de adquirir o chuveiro, para não ver um recurso tão precioso escorrer pelo ralo com o uso demasiado.
A válvula hídrica para descarga em sanitário ganhou duas versões, que liberam quantidades diferentes de água ao serem acionadas. O que antes era um botão transformou-se em dois, sendo que um libera 3 litros e o outro libera 6 litros. Dessa forma é possível racionalizar o consumo optando pela quantidade necessária a cada uso.
Os estabelecimentos comerciais têm a disposição as torneiras com temporizadores mecânicos ou fotoelétricos, bem como os mictórios que adaptaram a válvula de descarga com sensores, garantindo a higienização do local com uso adequado de água.
A tendência atual em termos de economia de água está na captação da água pluvial para aproveitamento posterior na lavagem de pisos e carros, irrigação de jardins, descargas de bacias sanitárias, ou seja, em toda situação onde não há necessidade de se utilizar a água potável. A água da chuva passa a ser canalizada e conduzida para um reservatório. A partir daí, o usuário define a sua utilização para que o projeto hidráulico dê conta da sua correta destinação.
A engenheira civil Sílvia Alberici instalou o sistema em sua residência e optou pela irrigação de plantas. Após armazenada na cisterna, a água da chuva é conduzida por uma bomba garantindo a irrigação automática de seu jardim. Sílvia calcula que ao adotar tal medida tenha obtido uma economia de 30% no consumo de água.
O projeto de expansão do Shopping Catuaí, em Londrina (PR), adotou os princípios de aproveitamento de água pluvial e de reuso. Neste último caso, a água das torneiras passa por um tratamento antes de ser reutilizada nas bacias sanitárias e mictórios. Conforme evidencia Carrion, projetista responsável pelo projeto, os sistemas são independentes e não se corre o menor risco da água de reuso ser utilizada com outra finalidade senão a de higienização das bacias sanitárias.