Os professores de Arquitetura Joseph Nasr, da Universidade Americana de Beirute, no Líbano, e June Kosimar, da Ryerson University, de Toronto, no Canadá, apresentaram nesta segunda-feira (10) na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAO-USP) uma pesquisa que mostra os elementos arquitetônicos de Oscar Niemeyer no prédio Feira de Exposições de Trípoli, no Líbano.www.niemeyer.org.br
A obra, que é pouco conhecida no país árabe, foi projetada pelo arquiteto brasileiro em 1961 e começou a ser construída no ano seguinte. "A ideia de criar o projeto (do governo libanês) era para revitalizar a cidade de Trípoli", disse Nasr. Segundo seus estudos, o governo libanês queria um projeto proeminente, um lugar em que pudesse levar personalidades e abrigar diversos tipos de exposições.
Em 1975, quando a obra já estava quase acabada, a construção precisou ser interrompida por causa da guerra civil no país e foi retomada e finalizada após o conflito, no início de 1990. Porém, segundo Nasr, o principal objetivo do espaço, como um grande centro de exposição, não vingou e a obra acabou não ganhando visibilidade internacional como pretendia. Hoje, em algumas partes do prédio são feitas mostras e outros tipos de atividades, mas o que mais chama a atenção, no conjunto, é o seu imenso jardim.
Leia mais:
Saiba quais são as 20 maiores favelas do Brasil, segundo o Censo 2022
Jovens negros são população predominante nas favelas, mostra Censo
Brasil tem 16,4 milhões vivendo em favelas, diz Censo
Prédio sem conservação na Duque de Caxias em Londrina incomoda comerciantes
No local, no entanto, é possível ver os traços típicos das obras de Niemeyer, como arcos, domo e marquise, como também podem ser vistos na Praça dos Três Poderes em Brasília, na Marquise do Parque Ibirapuera, em São Paulo e na Universidade de Brasília. "Os arcos e os elementos de Niemeyer usados em Brasília são os mesmos usados em Trípoli, mas em escalas menores", disse June.
De acordo com ela, a Feira de Exposições de Trípoli foi o primeiro projeto de Niemeyer no exterior, mas poucas pessoas sabem. "Com a divulgação dessa pesquisa pretendemos que a obra de Trípoli seja reconhecida como o primeiro grande projeto de Niemeyer fora do Brasil", acrescentou June.
Os pesquisadores disseram à ANBA que futuramente pretendem publicar um livro sobre a pesquisa que estão finalizando. Eles querem ainda fazer uma segunda entrevista com o arquiteto brasileiro. A primeira foi em 2007, quando eles se encontraram para falar especificamente da Feira de Exposições de Trípoli.
Perfil
Niemeyer é carioca e está com 102 anos. No Brasil ele é conhecido principalmente pelo seu trabalho na capital federal. O arquiteto projetou os principais prédios de Brasília, tais como o Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, e o Palácio do Planalto, sede do governo federal.
Nos países árabes, o arquiteto também é muito conhecido na Argélia, onde foi responsável pela construção da Universidade de Constantine, Centro Cívico de Argel, Mesquita de Argel e a Universidade de Ciências Tecnológicas e de Ciências Humanas.