Como tantas metrópoles de países em desenvolvimento, São Paulo cresce de forma extremamente desordenada, invadindo com frequência áreas de mananciais e trechos remanescentes da Mata Atlântica.
Na contramão dessa tendência, o projeto residencial de oito casas da Vila Taguaí, a 22 km do centro de São Paulo, é um empreendimento concebido como uma alternativa inovadora de construção de novos espaços de moradia e ocupação de áreas verdes na periferia.
Uma estreita parceria entre os escritórios do engenheiro Helio Olga e da arquiteta Cristina Xavier viabilizou a pesquisa de um novo sistema construtivo que utiliza, de modo racional, a madeira proveniente de áreas de manejo sustentável da Amazônia.
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Situado num vale densamente arborizado, com declive de 35% e face Leste, o projeto aliou a tecnologia inovadora de baixo custo e fácil execução; alto rendimento arquitetônico, dada a multifuncionalidade dos espaços em residências compactas de 130m2 a 170m2; sustentabilidade, que inclui o uso de energia solar e tratamento de esgoto; e competitividade, oferecendo um produto imobiliário até agora inexistente no mercado brasileiro, rentável quanto a sua produção e comercialização.
Do ponto de vista da implantação, o projeto procurou preservar a topografia original e a vegetação nativa. O acesso dos veículos ficou restrito a 50% do lote e os espaços privados foram integrados ao espaço coletivo, por meio de áreas abertas ao nível do jardim, interligados por caminhos de pedestres.
O sistema de painéis desenvolvido no projeto combina industrialização e flexibilidade, podendo ser aplicado em diferentes escalas, sem necessidade de grandes investimentos iniciais, adaptando-se facilmente às condições locais.
Sua utilização se caracteriza pelo reduzido impacto ambiental, baixíssimo desperdício do material e da mão-de-obra, execução rápida e custo controlado.
Agregar valor econômico à madeira é fundamental para tornar o manejo sustentável das florestas uma alternativa rentável contra outras formas de exploração da terra. Ao mesmo tempo, o uso de madeira certificada na construção civil será, a médio prazo, um modo de fixar a população da Amazônia com emprego estável e qualificado.