Começa nesta segunda-feira (09), em Arapongas, a sétima edição da Feira de Móveis do Paraná. O evento segue até o dia 13 de março, no Centro de Eventos Expoara. São 190 expositores dos principais polos moveleiros do País, incluindo o município de Arapongas, consolidado como um dos mais fortes fornecedores de mobiliário residencial.
Um dos maiores desafios do segmento moveleiro tem sido a criação de peças que sejam criativas e ao mesmo tempo, viáveis comercialmente.
''A inspiração para criar deve ser plural'', diz Auzer de Castro Júnior, da Plano Design, que tem entre seus clientes a Linea Brasil, de Arapongas. ''É o resultado de observações e informações, da necessidade do consumidor, do seu cotidiano, das referências socioculturais e de várias outras fontes. O designer deve buscar atualização constante, principalmente através de pesquisa de mercado, observando as tendências mundiais e acompanhando a evolução tecnológica'', observa.
Embora Milão seja um celeiro de idéias quase unânime, Auzer lembra que existem outros, inclusive nacionais. ''No Brasil, o mercado moveleiro busca referências de ideias com foco em arquitetura, moda, decoração e indústria têxtil, entre outras. Em um mercado globalizado, a tendência de padronização, tendo como base produtos internacionais é muito grande, o que resulta na monotonia de formas, cores e acabamentos perceptíveis no mercado. O grande desafio do design é mostrar que é possível criar produtos inovadores, mesmo sendo fabricados em grande escala'', pondera.
Para a designer da fábrica de móveis Colibri, Odete Formentão, da OF Design, a inspiração não pode vir simplesmente de visitas às feiras. ''Precisamos acompanhar o que está acontecendo com o consumidor. Saber quais são as as mudanças de comportamento, as mudanças e tecnológicas, e o quanto elas interferem no cotidiano das pessoas, no mobiliário'', argumenta.
Ao falar da liberdade de criação, Auzer revela que seu trabalho está diretamente relacionado às necessidades do cliente. ''Acho necessária a participação da empresa no processo de criação e desenvolvimento, inserindo nessa etapa seus conhecimentos e competências, mas sem inibir ou limitar a liberdade de criação do designer. O fortalecimento da relação entre designer e fabricante facilita muito o trabalho de criação; ter uma interface mais ativa na etapa projetual é muito importante, principalmente no que se refere à troca de informações relacionadas ao mercado e aos processos de produção'', destaca o designer.
Leia mais:
Fim de ano nos condomínios: Como manter a harmonia e a segurança?
Saiba quais são as 20 maiores favelas do Brasil, segundo o Censo 2022
Jovens negros são população predominante nas favelas, mostra Censo
Brasil tem 16,4 milhões vivendo em favelas, diz Censo
Inspiração e inovação
Embora desfrute da liberdade de criação, o designer Henrique Estrada Raséra, da Móveis Estrela, também desenha itens que a empresa da família comercializa. ''Às vezes, o mercado mobiliário acaba me restringindo. As fábricas ainda não estão abertas às inovações, pois existe muita cópia nesse setor: algumas preferem não dispor do custo de desenvolvimento e pesquisa para simplesmente copiar'', revela.
Entre as novidades da Estrela para esta edição da Movelpar está o lançamento de cinco poltronas criadas a partir de um mesmo desenho na linha 2009. ''O design não segue um conceito único, revelando um mix entre o clássico e o contemporâneo. Isso acaba valorizando o produto, uma vez que o desenho da poltrona e os revestimentos conseguem atender às diversas composições de um ambiente'', explica.
Ecodesign
A partir do conceito de sustentabilidade, o design ecológico vem integrando timidamente a estratégia de muitas empresas moveleiras. Entre as ações que minimizam o impacto ambiental está a utilização de chapas de madeira reconstituída proveniente de reflorestamento.
''A preocupação com a sustentabilidade vem crescendo, não somente no que diz respeito à utilização de matérias-primas ecologicamente corretas, mas também em ações como a redução de materiais e insumos na sua fabricação, eliminação de resíduos, padronização de peças, economia de energia em todo o processo produtivo e reciclagem de materiais. O resultado disso é uma produção mais limpa, mostrando a preocupação das empresas com o meio ambiente desde fabricação até a comercialização do produto'', comenta Auzer.
Já Henrique Raséra lembra que existe um agravante quando o trabalho com materiais sustentáveis envolve a produção em série. ''Aqui na empresa, o processo de produção segue padrões ecologicamente corretos com o uso de madeira proveniente de reflorestamento. Entretanto, para se criar conceitos sustentáveis em cima do mobiliário é mais difícil e mais caro. É preciso que o governo incentive mais a reciclagem para baratear o processo'', argumenta.