Decorar a casa com obras de artistas consagrados ou emergentes no cenário nacional sem gastar uma fortuna. Isso é possível através das gravuras, que podem ter grande valor artístico e preço acessível. Escolher e dispor tais obras no ambiente, porém, exige critério e bom senso.
As gravuras mais caras são as que vêm assinadas pelo artista e utilizam técnicas como a serigrafia. Não são trabalhos únicos, como um óleo sobre tela, mas produzidos em quantidade limitada (série de 50, 100 ou mais). Custam de R$ 400 a R$ 1.700, dependendo do tamanho e do artista. Além da assinatura, elas trazem o número de série.
As gravuras mais acessíveis no mercado (média de R$ 100 a R$ 150) são as reproduzidas graficamente. Elas trazem trabalhos de artistas contemporâneos ou não. A maioria é importada. Denise Serra, da Arteria, em Londrina, trabalha com os dois tipos de gravura. Entre as assinadas, ela oferece trabalhos do brasileiro Ademir Martins. ‘É um dos grandes nomes atuais no Brasil quando se fala em gravura. Como ele faleceu, os trabalhos estão ainda mais valorizados’, afirma.
Segundo Denise, os trabalhos com reprodução gráfica (os chamados posters) são os mais procurados na loja. Entre eles, é possível encontrar Monet, Picasso, Van Gogh, Kandinsky e nomes nacionais contemporâneos como o estrelado Romero Brito, pernambucano radicado em Miami e que já caiu no gosto, inclusive, de vários artistas de Hollywood.
Há cerca de 17 mil imagens à disposição em catálogos. Entre os temas mais comuns estão os abstratos e os florais. As cores fortes predominam. ‘As pessoas estão ousando nas cores e também no tamanho, optando por trabalhos de tamanhos maiores’, observa Denise. Outra tendência que continua em alta, segundo ela, são as fotos em preto e branco. Ela diz que há opções para decorar as paredes de todos os cômodos da casa, inclusive banheiro e lavanderia.
Juliane Campinha Gonçalves, da London Decor, também em Londrina, afirma que as gravuras com tema abstrato são as mais procuradas. ‘Há um tempo atrás, o conceito (na hora de decorar) era tela. Hoje, as pessoas procuram algo mais acessível como as gravuras. Se você enjoar, pode trocar com facilidade’, diz ela, que trabalha com gravuras reproduzidas em gráfica e telas.
A maior parte das gravuras da loja é importada. Entre os artistas mais procurados estão Van Gogh e Romero Brito. Segundo Juliane, a maioria dos consumidores pede orientação na compra. ‘Geralmente, as pessoas já sabem o estilo que querem, variando entre o clássico e o moderno, mas sempre precisam de mais informações sobre onde colocar, tipo de moldura’, afirma.
Molduras
A moldura, em muitos casos, pode custar mais caro que a gravura. Juliane Gonçalves vende molduras de fábrica e também tem produção própria, além de oferecer serviço de pintura para quem quer renovar a que tem em casa. O preço vai de R$ 10 a R$ 100 o metro linear. Ela utiliza pass-partout de PH neutro (material importado) e diz que são bastante usadas atualmente as molduras feitas com material de demolição. ‘Pode ser peroba ou algum material de fábrica imitando demolição, com apresentação rústica’, diz. A loja produz ainda a moldura entalhada (com base em madeira e entalhes em resina).
Denise Serra trabalha com molduras em madeira com acabamento de fábrica, que custam entre R$ 6,90 a R$ 180 o metro linear. Ela informa que o passe-partout é de PH neutro, mesmo material utilizado no fundo do quadro. ‘Além de leve, o material não retém umidade e não solta pigmento. A imagem fica totalmente protegida’, informa.
‘A tendência hoje é fazer composições, contrastando os estilos clássico e moderno. As molduras douradas, por exemplo, estão de volta, mas pedem uma imagem mais atual’, diz Denise. No geral, além das molduras, as gravuras pedem a utilização de vidro.
Gravura não pode ser banalizada, diz arquiteto
Segundo o arquiteto Marcelo Melhado, tanto as gravuras reproduzidas graficamente quanto as assinadas por artistas são boas opções para quem quer ter em casa ou no escritório trabalhos de grandes artistas. ‘É uma forma de se obter uma obra de arte por custos relativamente baixos’, observa.
Ele explica que as gravuras assinadas são feitas em número limitado e podem ter diferenciação de valor. ‘Dentro de cada série, as primeiras são sempre mais valiosas que as últimas. Também têm maior valor as ‘P.As’ (provas de autor), que foram revisadas pelo artista’, informa.
Todas essas informações constam na própria gravura. E precisam ficar à mostra para valorizar o trabalho. ‘Para não ficar banalizada, a gravura tem que ser trabalhada como gravura mesmo, com a inscrição que vem nela, a licença da cópia. O importante é que a pessoa (que entrar no ambiente) bata o olho e veja que aquilo é uma gravura, que aquilo foi feito com honestidade’, afirma Melhado.
Para ele, as gravuras também são interessantes para quem quer iniciar uma coleção de obras de arte. ‘Por que não começar pelas gravuras?’. O arquiteto destaca que é possível achar no mercado bons trabalhos de artistas consagrados como também daqueles que ainda não são tão reconhecidos.
Na hora de dispor as obras em casa ou no local de trabalho, alguns detalhes devem ser observados. Uma dica é nunca colocar na mesma parede um óleo sobre tela e uma gravura. ‘Pode até ser no mesmo ambiente, mas não na mesma parede. São técnicas diferentes e, além disso, um é original e único (tela) e o outro não’, diz.