O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que o governo vai anunciar, em breve, novas medidas para facilitar o financiamento imobiliário. Isso porque, segundo ele, "ainda tem muita gente que não pode financiar um imóvel".
O Brasil, destacou o ministro, tem um sistema imobiliário "completamente diferente" do norte-americano, onde começou a crise financeira que se espalha pelo mundo. Ele disse que os bancos brasileiros "têm muita capacidade de investir e de financiar", além de existir demanda.
O que precisamos, disse ele, é compatibilizar os juros, as prestações e condições de financiamento com a renda das pessoas. "Em especial das famílias de menor poder aquisitivo". Paulo Bernardo afirmou que o governo quer ampliar o acesso e não vê nenhum problema com o crescimento de crédito imobiliário no país.
Muito pelo contrário, acrescentou o ministro. De acordo com ele, o financiamento imobiliário no Brasil tem crescido "de forma sustentável e saudável", e está alimentando a indústria de material de construção. "É uma coisa positiva, que tem que ser mantida", enfatizou. O mercado imobiliário brasileiro "não tem nenhum tipo de problema", salientou Paulo Bernardo.
No Brasil, o setor funciona de forma diferente, com foco maior nos financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que têm regras próprias para a concessão de créditos para a aquisição de imóveis.
Por causa disso e em razão da grande demanda por casa própria, o aumento dos níveis de empregos e da renda familiar estimulou a recuperação do mercado de imóveis, com crescimento constante nos últimos quatro anos, aponta relatório da Companhia Brasileira da Indústria de Construção (CBIC).
Crescimento
A expansão tem-se verificado de forma mais forte ainda neste ano, com ritmo de contratações acima das expectativas dos agentes financeiros.
Números da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que o setor cresceu 92,5%, de janeiro a agosto, em relação a igual período do ano passado.
Nesses oito meses, as operações com dinheiro das cadernetas de poupança para financiar 197.820 moradias somaram R$ 19,876 bilhões.
A expectativa da Abecip é de que o volume de recursos chegue a R$ 30 bilhões no final do ano, e o número de unidades financiadas alcance 300 mil, um recorde histórico.
Estatística da Caixa constatou que a faixa de renda familiar até cinco salários mínimos responde por quase metade (48%) das operações de crédito imobiliário.