Conduzindo cadeiras de rodas, andando com muletas e com vendas nos olhos, um grupo de estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) experimentou por algumas horas como é estar na pele de um portador de necessidades especiais. A atividade faz parte da Oficina ''Ensino da Acessibilidade nos Cursos de Arquitetura e Urbanismo'', promovida pelos ministérios das Cidades e da Educação, que chegou a Curitiba esta semana depois de passar por outras quatro importantes cidades brasileiras.
O objetivo desse exercício é testar a acessibilidade dos locais por onde passam e sensibilizar alunos, professores e dirigentes dos cursos de Aquitetura para essa questão. Acessibilidade é o grau de autonomia e segurança com que um deficiente físico consegue ir sozinho a um lugar. Em Curitiba a experiência foi realizada na praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A futura arquiteta Talita Nogueira, de 18 anos, achou difícil conduzir a cadeira de rodas sobre o calçamento de petit-pavé. Assim como ela, outros alunos tentaram transitar pela praça e utilizar equipamentos urbanos, como telefones públicos, simulando situações como a de um cadeirante, deficiente visual, obeso, idoso (com andador) e usuário de muletas. ''É muito precária (a acessibilidade em Curitiba), por isso é tão difícil ver pessoas com cadeiras nas ruas'', avaliou a estudante.
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O presidente da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (Abea), José Antônio Lanchoti, que veio a Curitiba para ministrar a oficina, acha que a capital paranaense se destaca em alguns aspectos como o transporte. ''O ligeirinho, com aquele elevador, é um elemento interessante, um grande avanço, mas é preciso avançar mais'', observa. Na tarde de ontem ele se reuniu com outros especialistas para a elaboração de um plano pedagógico para abordar a questão da acessibilidade nas universidades. Um kit didático com um jogo temático, CD e DVD com aulas gravadas e uma apostila está sendo distribuído pelo Ministério da Educação para os cursos de Arquitetura para dar suporte a ao projeto.
A única ressalva feita por Lanchoti sobre a passagem da oficina por Curitiba coube à baixa adesão dos professores. ''Eles não estão presentes, e no entanto deveriam dar continuidade a esse trabalho mostrando na sala de aula as soluções para essa vivência'', lamenta o professor, que contou com a presença de apenas seis docentes da PUC e nenhum das outras instituições.