Cheia de estilo, a poltrona de Mies van der Rohe foi apresentada ao mundo em 1929, no pavilhão alemão da Exposição Universal de Barcelona, na Espanha. Apenas duas peças foram colocadas no espaço com o propósito de o rei e a rainha espanhóis pudessem nelas se sentar, como se estivessem em seus tronos.
Uma única estrutura de aço chapado e o estofado de couro botonê, costurado à mão, elevaram a Barcelona ao status de ícone do design moderno. ''Antes usava-se aço tubular nos móveis e Mies achatou o aço - este é um dos pontos que fez da Barcelona o que ela é hoje'', acentua o arquiteto Fernando Vásquez, radicado em São Paulo.
A Barcelona também foi um marco da Bauhaus - escola de design, artes plásticas e arquitetura que surgiu na Alemanha (1919-1933). ''Não só Mies van der Rohe, mas também outros designers da Bauhaus, como Marcel Breuer e Mart Stam, criaram peças para serem admiradas pela estética - e não apenas pela função. Tanto que inúmeros arquitetos contemporâneos elegeram a Barcelona como uma cadeira de estilo'', diz Dudley Fisher, professor da Casa Farnsworth (projeto de Mies, em Illinois, EUA, que hoje é museu).
Desde 1947, a americana Knoll detém os direitos de produção de 17 peças de Mies van der Rohe, entre elas a Barcelona. No Brasil, há 40 anos a Forma fabrica a poltrona seguindo o projeto da Knoll, que especifica, por exemplo, a costura manual do estofado, um trabalho que consome seis horas. ''Produzimos em várias cores de couro e ultrasuede, acabamentos que não desconfiguram a especificação de van der Rohe'', diz Fernanda Machado, gerente da Forma.
Inicialmente, a cadeira chamava-se MR-90. Seu nome foi mudado pela Knoll, em uma jogada de marketing, aludindo à Exposição Universal de 1929, qunado foi usada pelos reis da Espanha.