Sinônimo de status e de espaço exclusivo, as coberturas dos prédios deixaram de ser prioridade nas construções atuais. Até a década de 90, cerca de 80% dos prédios planejados incluíam em seus projetos a cobertura. Em Londrina, a maior concentração de coberturas encontra-se no centro e são, em sua grande maioria, reservadas a apartamentos modelo um por andar.
No entanto, no final do século XX houve uma mudança no perfil dos empreendimentos planejados pelas construtoras. Conforme o gerente de vendas da Dinardi Engenharia, Geraldo José de Souza, os edifícios construídos até a década de 90 apresentavam poucos atrativos na área de lazer, sendo basicamente salão de festas, playground e churrasqueira. Diante dessa situação, as coberturas acabavam sendo mais atrativas para o seleto público que podia pagar a mais por um espaço privilegiado e maior.
Quando as construtoras começaram a se focar na ampliação da área de lazer comum a todos os moradores, as coberturas começaram a se mostrar desvantajosas. Até mesmo porque algumas dessas áreas de lazer passaram a ser planejadas no último andar dos edifícios, ocupando dessa forma o espaço reservado para as coberturas. ‘Ao investir na área de lazer comum, a construtora descobriu uma maneira de agregar valor ao metro quadrado de cada unidade comercializada, e não só em um único apartamento como a cobertura. Assim foi possível tornar homogêneo a cobrança da taxa condominial’, analisa Souza.
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Reflexo dessa realidade pode ser notado na grande quantidade de edifícios construídos recentemente na Gleba Palhano e que não oferecem cobertura, mas que priorizam as áreas de lazer com inúmeros atrativos. ‘Nos últimos 15 anos, menos de 10% dos edifícios planejados ofereceram cobertura’, constata o gerente.
O último empreendimento vertical entregue pela Dinardi, o Edifício Beracá, reproduz esse novo conceito de maior área comum a todos os condôminos. A área de lazer planejada, que inclui piscina, salão Gourmet, sauna, academia e home cinema foi instalada no último andar do prédio.
Para o sócio-proprietário da Dresden Engenharia, José Luis Gastaldi, a construção da cobertura dificulta o andamento da obra quanto se trabalha com prazos de entrega pré-determinados. Isso porque a cobertura demanda um projeto diferenciado do restante dos apartamentos, atrasando a execução da obra.
Opinião semelhante é compartilhada pelo engenheiro Vilson Luiz Pistun, que confirma o trabalho adicional proporcionado pela construção da cobertura. ‘Além de onerar a obra, o acabamento de uma cobertura é todo diferenciado, a começar pelo seu projeto. Fato esse que leva a uma demora maior na conclusão da obra’, ressalta Pistun.