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Com Tecnoparque, Curitiba aposta na tecnologia de ponta

31 dez 1969 às 21:33

Arquitetura futurista, complexos empresariais que compreendem hotéis, restaurantes e prédios que abrigam diversas empresas, laboratórios de alta tecnologia, robótica. Isso pode parecer um projeto mais adequado a países de primeiro mundo, mas uma parceria entre Prefeitura de Curitiba, governo do Estado, universidades e setor privado pretende criá-lo na capital paranaense, próximo ao centro da cidade.

O programa, chamado Tecnoparque, compreende cinco setores e pretende alavancar o desenvolvimento de tecnologia de ponta, além de revitalizar as regiões envolvidas. O projeto envolve espaços físicos definidos que irão oferecer além de diferenciais construtivos, isenção de pagamento de Imposto sobre Transação Imobiliária (ITBI), Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) por dez anos e redução do Imposto Sobre Serviços (ISS) de 5% para 2%. As medidas pretendem atrair grandes empresas e investimentos em desenvolvimento de novas tecnologias e inovação. A expectativa é que o programa crie aproximadamente doze mil empregos.


Cerca de 40 empresas interessadas no projeto já assinaram o Termo de Adesão e outras demonstraram a intenção de se instalar em Curitiba como a Positivo Informática, que pretende gerar 2.027 novos empregos e o HSBC e a Atos Origin Brasil, ambas com a previsão de 2 mil novas contratações cada. Além destas, a Enabler Wipro Solutions for Retailing e a EDS do Brasil (hoje em São Paulo) têm a previsão de contratar mil funcionários cada uma. Assim que as empresas assim o Termo de Adesão, já passam a usufruir da redução na cobrança de impostos no município e têm até três anos para transferir ou criar suas instalações em um dos setores localizados na Linha Verde, no Rebouças e na Cidade Industrial de Curitiba.


De acordo com o gestor do projeto da Agência Curitiba de Desenvolvimento, Alexandre Cordeiro, a intenção é concentrar fisicamente as empresas, em uma região e criar um ambiente de cooperação. ''A idéia é fazer com que neste ambiente exista uma sinergia entre universidades, institutos de pesquisa e empresas'', diz.


Para Cordeiro, mesmo entre tantas áreas com necessidade de investimento público, a redução dos impostos para o incentivo ao desenvolvimento de tecnologia se justifica porque gera um círculo virtuoso de desenvolvimento econômico. ''Ao receber benefícios fiscais, as empresas investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação, criando novos empregos'', afirma.
Cordeiro garante que existem mecanismos legais que obrigam as empresas a cumprir com os projetos de desenvolvimento e pesquisa. ''O programa tem cláusulas contratuais bem claras. Existe um termo de compromisso assinado com a agência e, em parceria com a Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR) será feita a medição do cumprimento destes compromissos. Nós seremos os guardiões dos benefícios que o poder público está concedendo e iremos acompanhar as atividades'', diz.


O gestor diz ainda que este programa não se destina apenas a grandes empresas e que deverá movimentar toda a economia local. ''Muitas empresas de Tecnologia têm tendência à terceirização, quarteirização. Essa instalação em Curitiba de grandes empresas gera mais emprego, mais renda e, consequentemente, mais consumo'', explica.


Ele afirma que é possível, em quase todos os setores, ter um projeto que envolva inovação e usufruir dos benefícios concedidos pela legislação. ''Temos empresas de publicidade e de vários outros setores interessados no projeto e será perfeitamente possível que elas desenvolvam áreas de inovação. O Tecnoparque não se limita a empresas de informática'', comenta.


Para o diretor comercial da Pelissari Informática, uma das empresas que já assinou o termo de adesão e planeja a mudança para a região da Linha Verde, o principal benefício é a inovação e o contato com as universidades. ''Temos atualmente 125 funcionários e a idéia é triplicar este número em três anos'', afirma. Ele conta que o projeto de inovação apresentado pela empresa inclui um Centro de Competências, um departamento que irá investir em atendimento remoto a clientes em toda a América do Sul sem a necessidade de deslocamento da equipe. ''A preocupação é implementar novas tecnologias de telecomunicação'', afirma.

De acordo com o assessor econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná Gustavo Fanaya, espera-se que o projeto crie um ambiente de inovação. ''Esperamos que seja um pólo de atração para empresas que invistam em laboratórios e pesquisa. O processo tecnológico não se restringe à informática e mídias digitais, ele é muito mais amplo e atinge praticamente todas as áreas, incluindo o design, a criação de novos produtos e processos''.
Fanaya acredita que uma mudança na cultura empresarial pode colocar as empresas curitibanas em melhor condição de competir no mercado mundial. ''Agregar novas tecnologias não é só uma questão de melhoria na competitividade, é uma exigência do mercado, uma questão de sobrevivência''.
Segundo o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da Universidade Federal do Paraná, Paulo Yamamoto, a principal preocupação neste processo diz respeito a proteção da produção intelectual. ''Estamos criando uma agência de inovação tecnológica. As universidades brasileiras têm desenvolvido muita pesquisa e esse conhecimento muitas vezes não é patenteado, sendo transferido sem controle. A idéia da agência é que tudo o que for criado dentro da UFPR seja patenteado e gere recursos. Isso é bom para o empresário que terá tecnologias novas e bom para a universidade que receberá recursos para investir mais em pesquisa'', afirmou.


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