Com o surgimento das grandes lojas de material de construção, hoje é possível comprar cimento, azulejos e tintas como se estivéssemos no supermercado: basta pegar o carrinho e escolher o produto na prateleira. E a comodidade não deve parar por aí. De acordo com os especialistas em mercado, em alguns anos a população poderá comprar casas inteiras apenas escolhendo o modelo mais atraente dentre os disponíveis na loja.
A tecnologia que permite essa previsão são as paredes de concreto pré-fabricadas, novidade brasileira que foi mostrada durante a feira Concrete Show, realizada em São Paulo no final do mês passado. O sistema é bastante parecido com o usado em paredes de madeira, mas utiliza uma matéria-prima muito mais resistente e que oferece maior conforto térmico e acústico. ‘Conseguimos colocar uma casa popular em apenas duas caixas. Como não usamos formas fixas é possível também mudar o modelo de acordo com a necessidade de cada família. Basta encontrar outra maneira de montar as paredes’, afirma o diretor presidente da Brasitherm (empresa detentora do sistema), Michel Zeenni.
Liberada pelo governo para ser utilizada no Brasil desde dezembro do ano passado, a tecnologia já está sendo exportada para Angola, na África. ‘O objetivo é construir 660 casas em sistema de condomínio fechado na cidade de Saurimo. Serão residências voltadas para a classe média’, diz o gerente executivo da construtora Domus Populi, responsável pelo projeto em Angola, Antonio Pregeli Neto.
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A rapidez na construção e a necessidade de pouca mão de obra são grandes atrativos das paredes de concreto para obras de grandes números. No Brasil o sistema deverá ser usado para construir casas do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. ‘As residências ficam cerca de 30% mais baratas do que no sistema convencional de alvenaria e em três ou quatro meses é possível montar aproximadamente 500 casas’, garante Zeeni.
Feitas da união de dois painéis, as paredes já vêm preparadas para receber portas e janelas e com toda a infraestrutura de instalações hidráulica e elétrica, que passam pelo espaço vazio existente entre os painéis. ‘Esse espaço também é responsável por um sistema de troca de ar entre o ambiente interno e externo que oferece um conforto térmico bastante interessante para os habitantes. Isso ocorre graças a aberturas existentes na parte inferior do painel interno e na parte superior do painel externo que não permitem que o ar quente seja transferido para dentro de casa’, explica o diretor.
Como a construção tem sua base no concreto, as paredes pré-moldadas do mesmo material podem ser usadas para prédios de até cinco andares. ‘E já estamos nos estruturando para termos a certificação que permite construir edificações maiores’, comenta. (A jornalista viajou a convite da Feira Concrete Show).