A proposta da 15ª Casa Cor, evento de decoração que acontece até o dia 20 de julho em Curitiba, é discutir o estilo de morar da cidade. ‘Ah, é por isso que tem tanto dourado?’, brinca Mauricio Pinheiro Lima. O espaço ‘Café Concerto’, desenvolvido pelo arquiteto e por sua sócia Carla Mattioli, é um dos 73 na edição deste ano, sediada no Clube Concórdia, 139 anos de história no Centro da cidade. Em cima do palco do salão nobre, Lima, veterano do evento com 12 participações, desenvolveu um espaço que manteve as marcas do tempo no local e é adornado por uma enorme escultura de madeira em formato de pinhão. ‘Pião, a idéia inicial é que fosse um pião’, explica.
Seu espaço é apontado por visitantes como o que mais se relaciona com o estilo da cidade. ‘Olha, se esse era o tema, não me avisaram. E, se tem um estilo curitibano, eu não sabia.’
Quando chegou na festa de lançamento da Casa Cor deste ano, Lima sentiu-se como se estivesse em uma festa à fantasia em que não estava vestido à caráter. ‘Está tudo muito comportado. Com a exceção do ambiente sobre o Centenário Japonês e o do (arquiteto) Jorge Elmor, todo mundo fez um negócio super tradicional, para conquistar o cliente convencional.’
Leia mais:
Fim de ano nos condomínios: Como manter a harmonia e a segurança?
Saiba quais são as 20 maiores favelas do Brasil, segundo o Censo 2022
Jovens negros são população predominante nas favelas, mostra Censo
Brasil tem 16,4 milhões vivendo em favelas, diz Censo
Se o dourado é predominante, nada reluz mais do que a ‘Sala de jogos e lareira’, no primeiro andar. No ambiente de 60 metros quadrados, estão reunidos móveis, espelhos entre outros objetos que juntos têm um valor de mercado superior a R$ 600 mil. As pastilhas de ouro maciço que adornam a lareira vieram de Dubai. O interessado tem de desembolsar 6.500 euros o metro quadrado.
Na sala, o designer Daniel Casagrande e o arquiteto Luiz Maganhoto prestaram uma homenagem aos anos de ouro do Clube Concórdia. ‘É um clássico chique. O dourado tem muito haver com o estilo conservador do curitibano. A cor foi muito forte nos anos 1980 e está voltando com força’, explica Casagrande, que considera seu espaço diferente de todos os outros.
‘O que há de verdadeiramente curitibano é o bom trabalho em madeira’, comenta Lima, responsável pelo espaço com a escultura pião. ‘Mas o que vemos muito é uma overdose de dourado e de latão e um uso exaustivo de espelhos.’
O arquiteto fala com a propriedade de alguém que tem seu ambiente na Casa Cor em frente ao ‘Salão Nobre’, da decoradora Yara Mendes, que participa desde a primeira edição do evento, em 1994. No espaço, os espelhos que cobrem as mesas refletem o teto, que foi pintado. ‘É o centro do clube, que tem muita história. Todo mundo tem alguém na família que casou ou se formou aqui. Tem uma carga muito importante na vida do curitibano e, por isso, resolvi deixar como era. Apenas trouxe o requinte e pintei o teto de dourado’, explica Yara, decoradora há mais de 20 anos, que utilizou um lustre de cristal importado da China avaliado em R$ 80 mil.
Ela acredita que Curitiba está mudando muito e o que veio de fora, especialmente nos últimos anos, foi uma coisa muito boa. A decoradora sente que essa nova cidade busca mais os profissionais na hora de mudar o ambiente de suas casas. O estilo de decoração local também está se transformando e Yara enxerga isso nos mais jovens. ‘Mas ainda é muito ligado à harmonia, ao requinte, com lustre de cristal. Um gênero requintado e moderno.’