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Sustentabilidade

Caixas de leite viram mantas térmicas para telhados

Marian Trigueiros - Folha de Londrina
31 dez 1969 às 21:33

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Olga Ferreira consegue dormir com mais conforto: ‘‘Antes ninguém ficava aqui dentro de casa’’ - César Augusto
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Reciclar não é uma atividade nova, mas infelizmente ainda não faz parte do hábito das famílias brasileiras. Para mudar esse cenário, e pensando em minimizar os impactos causados pela enorme quantidade de lixo produzido nos dias de hoje, a Associação de Senhoras Rotarianas (ASR) de Jataizinho (Norte) idealizou o projeto 'Reciclar e Proteger', lançado em setembro. Além da preocupação com o meio ambiente o projeto visa a melhoria da qualidade de vida da população.

''O projeto é baseado numa pesquisa da Universidade de Campinas (Unicamp), cujo objetivo é produzir mantas térmicas com caixas de leite longa vida, para redução da temperatura em casas com telhados de cimento amianto'', explica Marilda Rosa Ramos, presidente da ASR. As caixas são coladas abertas umas às outras, formando uma espécie de tapete que é colocado na altura onde estaria a laje.

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Segundo dados da pesquisa da universidade, a temperatura dessas telhas pode alcançar os 70 graus, sendo que grande parte desse calor passa para a residência. De acordo com Marilda, a utilização da manta é capaz de refletir 95% da radiação que chega ao telhado durante o verão. ''Quando fiquei sabendo a que temperatura chegam essas casas, me assustei.'' A manta é capaz de reduzir até 8 graus dentro das residências ou ainda manter o calor ambiente no inverno, já que a umidade da telha não passa.

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Segundo ela, dentre os principais problemas causados pela alta temperatura, relatados na pesquisa, estão a insônia, que resulta em violência doméstica, morte de bebês e até mesmo idosos. ''O projeto começou tímido, com o intuito de colocar as mantas. Mas, quando nos deparamos com a realidade dessas famílias, vimos que muito mais precisava ser feito. Não há como colocarmos as mantas e fingirmos que não vemos outros problemas, como instalação elétrica precária, falta de encanamento ou até mesmo uma simples pintura'', acrescentou Marilda. A ASR tem contado com a ajuda de parceiros para oferecer um pouco mais de conforto a essas famílias.

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Hoje, já são 30 casas na fila de espera. Algumas unidades já foram entregues. A seleção é feita pelo Departamento de Saúde, por meio do Programa Saúde na Família, em conjunto com a Secretaria de Ação Social do município. O projeto já tem a participação de 12 pessoas, entre integrantes do grupo e voluntários, além de alunos dos colégios Parigot de Souza e Adélia Antunes Lopes.


Descarte

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O auxiliar de serviços gerais Sidnei Cardoso foi quem recebeu a primeira casa com o forro de manta térmica. Ele - que mora numa construção simples com o pai, que sofreu um derrame, sua esposa que está no sétimo mês de gestação e seu irmão - diz que as coisas melhoraram muito. ''Meu pai, que não sai da cadeira de rodas, ficava o dia todo do lado de fora da casa. Agora ele pode ficar aqui dentro sem problemas. Fico mais tranquilo também, que o bebê que está chegando não vai sofrer com aquele calor insuportável.''


Com a manta recém-colocada em sua casa, a aposentada Olga Ferreira, de 71 anos, já pôde dormir com mais conforto. ''Já consigo perceber a diferença. Ninguém ficava aqui dentro de casa. Eu e meu marido passávamos o dia na varanda'', comentou.

Para a produção das mantas, a ASR conta com o descarte feito pelos moradores da cidade, em caixas de coleta espalhadas em 11 pontos.


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