Transformar antigas construções em espaços contemporâneos - mas sem perder as características originais - tem se mostrado uma receita de sucesso em vários pontos do planeta. Em Buenos Aires, os barracões abandonados do antigo cais se tornaram em alguns dos restaurantes mais badalados da capital portenha. Já em Nova York, o bairro de TriBeCa ganhou os olhares do mundo quando seus armazéns industriais passaram por uma grande revitalização.
Em Londrina, o antigo barracão de café da gloriosa década de 1950, ganhou novamente uma saborosa função com a inauguração do restaurante-bar Estação. O trio de empreendedores Douglas Grion, Marco Miguita e Ricardo Nakamura escalou o arquiteto Guilherme Torres para repaginar o espaço em um ambiente descontraído.
Inspirado no nome do espaço gastronômico, o arquiteto londrinense utilizou as quatro estações do ano para dar o tom ao três ambientes: bar-balcão, restaurante e mezanino para eventos. São mais de 100 pontos de luz - incluindo velas - espalhados pela casa que vão ganhar cores diferenciadas ao longo do ano. ''A iluminação vai mudar conforme a estação. Agora, no outono, os tons estão mais fechados'', conta Torres.
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Um barracão no estilo dos lofts do SoHo, bairro novaiorquino, foi uma das primeiras imagens que surgiram na mente do arquiteto. A lembrança dos diners, típicas lanchonetes norte-americanas, também influenciaram o projeto. No ambiente do restaurante, o espaço é delimitado por sofás com mesinhas em MDF. Criadas para duas pessoas, elas podem ganhar mais espaço e se conectarem com a mesa do lado.
No centro do restaurante, seis mesas Spin, desenhadas pelo arquiteto, são as únicas que estão sempre montadas - com guardanapos, copos e arranjos de flores (as toalhas foram mesmo abolidas). Em MDF revestido e generoso tampo de espelho, as mesas redondas ganham a companhia de cadeiras acrílicas, criadas por Charles Eames no final dos anos 40, e hoje um clássico do design.
As paredes brancas têm a textura dos tijolos à vista, proporcionando uma imagem ''robusta e sóbria'', segundo o arquiteto, que ainda aposta na decoração cênica da iluminação.
Tanto que para o espaço do bar, Torres projetou um balcão de grandes proporções, cercado por bancos altos, todo revestido por pastilhas, ao lado dos dois fornos a lenha. No mezanino para eventos, uma infra-estrutura totalmente independente (banheiros próprios e trilha sonora diferenciada) pode receber cerca de 50 pessoas. Vidros separam esse ambiente dos outros dois espaços.
Jeito de fazenda
Outra novidade do circuito de bares de Londrina é o Menina dos Olhos, que já funciona em quatro endereços de Curitiba e agora chega ao Norte do Estado. Objetos do século XIX, que fizeram parte da vida de imigrantes italianos e alemães do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, marcam a decoração do bar. O projeto do arquiteto curitibano Sérgio Iahn abusa da madeira de demolição e elementos do artesanato brasileiro. A idéia é dar um ar de casa de fazenda dentro da cidade. Entre os elementos que chamam a atenção, estão as luminárias - algumas feitas de barris com penduricalhos -, e outras que já iluminaram o Aeroporto Afonso Pena.
As aspirações do arquiteto combinaram com a vontade da empresária Gabriela Carletto, proprietária da casa. Responsável pela ''cara'' dos vários ''Meninas'' do Paraná, ela gosta de instigar as pessoas a ficarem olhando para os quatro cantos do bar e, a cada vez, descobrirem detalhes que ainda não tinham sido vistos.