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A arte invade o chão das casas em belos tapetes

31 dez 1969 às 21:33
Ele não é masoquista, mas adora que pisem em sua obras. Literalmente. Alfredo de Oliveira desenha tapetes. Campineiro, de 55 anos, criado em São Paulo, percorreu um longo caminho até se tornar designer têxtil.

Economista, de carreira em comércio internacional, Alfredo abandonou a direção de uma multinacional para investir no projeto ''ser feliz''. ''As artes plásticas, um hobby, me encantavam a cada dia mais que o mundo das finanças'', diz.

Era dezembro de 1986 quando decidiu passar uma temporada nos Estados Unidos. Então com 35 anos, partiu para Nova York em busca de aprendizado em artes plásticas. Em 1996, Alfredo decidiu voltar ao Brasil. Desembarcou com o mesmo par de malas com que tinha partido mais a certeza de que viveria de arte.

Só não foi com pintura, como imaginava. Numa reunião de amigos, conheceu Vivian Pisaneschi, da Montreal Indústria de Tapetes e Carpetes. Ela queria diversificar os negócios da família e Alfredo enviou um desenho que casou com o desejo da empresária. Em 2001, nascia a Punto e Filo e, com ela, o designer têxtil Alfredo de Oliveira.

De um modo particular, ele parte do universo à volta, de detalhes do cotidiano e da natureza para misturar, num mesmo tapete, flores, linhas geométricas e listras. ''Gosto de olhar o tapete do alto para ter a visão geral, entender a linguagem da obra'', diz.

Grafite, cordel, a escrita árabe e especiarias podem ser, entre inúmeros outros, pontos de partida. ''As cores dos mercados me encantam. Não uma específica, mas sim o todo. Banca de feira é uma grande salada antropofágica'', diz Alfredo, que prefere o tom açaí ao marrom, o curry ao amarelo.

Como outros artistas, ele cria para si, para se ver livre das imagens que povoam a mente. O trabalho começa no guache ou pincel fino. Alguns desenhos chegam prontos; outros, têm de ser burilados. Primeiro ele se dedica à forma, depois à cor, até alcançar o que imagina ser a perfeição. ''A repetição cria ilusão. Tem aquela coisa da criança, de experimentar, colocar roxo, vermelho, amarelo... Enfim, não pode ser racional, tem de deixar fluir.''

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