Depois de duas tentativas frustradas, o vereador Luiz Piva (PT), de Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba, conseguiu levar a plenário da Câmara Municipal o projeto de lei que proíbe a contratação de parentes de políticos para cargos em comissão.
Mas foi vencido por nove votos contrários e apenas dois a favor, na sessão ocorrida nesta sexta-feira.
Ele denuncia que o nepotismo no município é escancarado. Segundo o vereador, 11 parlamentares têm parentes como funcionários em cargos em comissão.
O prefeito Cezar Manfron (PTB) mantém a mulher, Neli Simões, no comando de uma supersecretaria que inclui Trabalho, Emprego e Ação Social.
Na Associação de Proteção à Maternidade e à Infância, a titular é a mãe, dona Ilda Manfron de Barros.
Entre vereadores, a situação é semelhante. Conforme publicação no Diário Oficial, eles nomearam parentes para cargos de comissão, com salários que podem chegar a R$ 7,6 mil no Executivo. No Legislativo, os salários variam de R$ 1 mil a R$ 4 mil.
O vereador Neninho Siqueira (PL) nomeou os filhos Jocimara do Rocio Siqueira, Eduardo Henrique de Siqueira, Angela Siqueira e a mulher Dolores Faria de Siqueira como assessores na Câmara Municipal.
O vereador Dário (PL) nomeou a mulher Rosangela Neves Teixeira e os cunhados, Robson Teixeira e Eduardo Neves Teixeira.
O vereador Zair José (PDT) nomeou os filhos Rafael Dias Oliveira e Karina Dias de Oliveira, como assessores. Sua mulher Elizabeth de Oliveira é funcionária do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e preside comissão municipal na Câmara.
O vereador Walter Purkote (PTB) nomeou os irmãos Wanderlei Ortiz de Camargo, irmão e Valdete Ortiz de Camargo, e a mulher Débora Pereira de Araújo, à disposição da Câmara.
O vereador João Bini (PSL) nomeou os filhos João Marcelo Bini e Daniele Perpétuo Bini, e a vereadora Matilde (PSL) nomeou as filhas Rosane Czorne e Célia Czorne, como respectivos assessores. Os demais vereadores mantêm um parente em cargos comissionados, disse Piva.
O procurador geral da Prefeitura de Almirante Tamandaré, Oswaldo Trevisan, falou em nome do prefeito e disse que a nomeação de parentes por parte de políticos no serviço público acontece em todas as esferas de governo, no Brasil inteiro.
O procurador informou que o cargo ocupado pela mãe do prefeito é voluntário, já que ela é aposentada do governo do Estado. A Folha tentou contato com os vereadores na Câmara, mas não obteve retorno.