O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), lideram as pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto nas eleições deste ano.
Enquanto um tenta voltar à Presidência após 12 anos, o outro visa manter-se no cargo após quatro anos de um mandato marcado pela pandemia de Covid-19 e contestação ao sistema eleitoral.
Veja as principais informações e as diferenças entre os dois candidatos,
além de sua trajetória em todo o primeiro turno da corrida eleitoral e
as suas principais propostas.
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Trajetórias
Nascido em Garanhuns, a 230 km do Recife, Lula foi ainda criança morar em São Paulo com a família. Fez um curso de tornearia mecânica em um Senai, sem completar o ensino médio. No trabalho, encontrou a política por meio da sindicalização, em um momento de enfraquecimento da ditadura militar e com o movimento Diretas Já.
Foi constituinte e elegeu-se presidente em 2002, reeleito em 2006. Após passar a faixa para Dilma Rousseff (PT), viu os protestos de 2013, o impeachment de sua sucessora e a Operação Lava Jato, que o prendeu em 2018. Com o STF (Supremo Tribunal Federal) considerando seu julgamento parcial, concorre novamente ao Executivo.
Jair Bolsonaro nasceu em Glicério, a cerca de 480 km da capital paulista, com ascendência italiana e alemã. Entrou no Exército e cursou a Academia das Agulhas Negras, visando a formação de oficiais. Chegou a capitão com carreira não exatamente brilhante, de acordo com superiores, e teve problemas disciplinares.
A ruptura ocorreu em 1986, quando escreveu artigo reclamando do salário e, no ano seguinte, foi acusado de planejar atentados em quartéis para pressionar por melhores soldos. A trama nunca se confirmou, mas Bolsonaro caiu em desgraça e pediu para sair, após ser absolvido pela Justiça Militar dois anos depois.
Sua vida parlamentar começou em 1989, como vereador no Rio, e depois, deputado federal, ocupando o cargo por 28 anos. Em 2018, concorreu à Presidência da República, e depois de uma facada que quase o matou, foi eleito.
Propostas
Lula e Bolsonaro estão desde o início da campanha em primeiro e segundo lugar, respectivamente, nas pesquisas de intenção de voto, em um cenário de estabilidade que inviabilizou a ascensão de candidatos como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).
A disputa ocorre dentro de vários segmentos da sociedade, especialmente os evangélicos e a população que recebe até dois salários mínimos, parte importante do eleitorado. No Brasil, 56% dos votantes se autodeclaram católicos e 27%, evangélicos. Além disso, 51% dos eleitores ganham até dois salários.
O período eleitoral deste ano também foi marcado pela alta e estável rejeição dos dois candidatos, conforme o Datafolha.
Entre as principais propostas de Lula estão a volta da política de aumento real do salário mínimo, o fortalecimento de empresas estatais e o enfrentamento à pobreza e à fome, além de manter o Auxílio Brasil em R$ 600.
No campo econômico, o petista defende a mudança da política de preços da Petrobras, que hoje é associada ao preço internacional do petróleo e gás, baseado em dólar. Também pretende revogar o teto de gastos e revisar a reforma trabalhista.
Já Bolsonaro propõe a potencialização dos mecanismos de uso de armas de fogo pela população, além de também manter o Auxílio Brasil em R$ 600 em 2023 e proteger os cidadãos com valores tradicionais, como Deus, pátria, família, vida e liberdade.
Na economia, o atual mandatário promete ampliar as privatizações, a exemplo da desestatização da Eletrobras. Também sugere esforços para corrigir a tabela do Imposto de Renda e pretende avançar com nova legislação para facilitar contratações e desburocratização de normas para abrir empresas.
Durante a corrida eleitoral, os dois candidatos trocaram representações judiciais no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) envolvendo suposta propaganda eleitoral antecipada, discurso de ódio e alegada extrapolação do conceito de liberdade de eleição.
Além disso, colecionaram eventos de campanhas que consideraram importantes. Bolsonaro fez diversas motociatas em estados do país e teve uma participação maciça no 7 de Setembro, com grandes comícios em Brasília e no Rio. Já Lula fez comícios por todo o território nacional e fez uma "superlive" com vários artistas.
Eles também protagonizaram uma rivalidade nos debates que compareceram. No debate promovido por Band, Folha de S.Paulo, UOL e TV Cultura, em 28 de agosto, o petista e o peelista trocaram acusações, e foi necessário até trocar a ordem dos candidatos -antes, estavam lado a lado no estúdio, mas ficaram afastados.
Lula e Bolsonaro também procuraram o eleitorado feminino, com várias falhas e escorregões em declarações e atitudes dos postulantes.
O ex-presidente afirmou, em um momento da campanha, que quem quisesse bater em mulher fosse para outro lugar, mas que não fizesse dentro de casa ou no Brasil, e também disse que o homem deve ir à cozinha "ajudar no serviço da mulher".
Já o atual presidente, para além do passado com diversas declarações machistas, teve como principal deslize o ataque a Vera Magalhães e a Tebet, no debate da Band.
A propaganda eleitoral de cada um deles começou mostrando o legado de seus governos, especialmente em melhoria da qualidade de vida, obras e auxílio. A economia foi prioridade dos dois, e com o tempo, o número de ataques foi aumentando, citando escândalos de corrupção e a pandemia de Covid-19.
Com as redes sociais, Lula e Bolsonaro também batalharam por popularidade digital, calculado diariamente pela empresa Quaest.
Desde o início do ano, os dois disputam o topo do ranking de
popularidade digital dos presidenciáveis à distância dos demais
candidatos, se alternando no primeiro lugar segundo os acontecimentos do
pleito.
A corrida à Presidência da República ocorre em um ou dois turnos. Caso um candidato tenha maioria absoluta, ou seja, 50% mais um dos votos válidos (excluindo brancos e nulos), será o vencedor. Se nenhum atingir a marca, haverá nova rodada, entre os dois mais bem cotados, no dia 30 de outubro.
No dia 2 de outubro, eleitores votarão também para deputado estadual, deputado federal, senador e governador de estado.